quarta-feira, 30 de abril de 2014

"Praxe: que fazer?"

«Caros colegas
estive no campus na noite da tragédia até às 23h, com os alunos. Fui até ao local, depois de retirados os corpos (antes não nos deixavam passar) e falei com os alunos de Medicina  (uns 15). Tenho uma aluna que vive no prédio em cima e que viu tudo.
Posso garantir-vos o seguinte: foi praxe, sim, mas não violenta. Os alunos estavam a cantar aos despique (LEI e medicina), e os 3 de LEI que subiram para o muro não foram obrigados a fazê-lo, mas sim por impulso. Tenho este testemunho de uma aluna que não é de nenhum destes cursos. A situação é pois diferente da do MECO.
Pessoalmente, considero que só há algo a fazer: o Parlamento tem que aprovar uma lei que não dê privilégios de cidadania especial às praxes académicas e que qualquer cidadão seja obrigado a denunciar situações de violência e humilhação, tal como nos casos de violência doméstica. Quando é fora das academias, só essa me parece ser uma solução possível.
Cumprimentos

Clara Costa Oliveira
Prof. Associada com Agregação - IE - CEH- UM
Coordenadora de Mestrado em Educação de Adultos e Intervenção Comunitária
Coordenadora de Mestrado em Educação para a Saúde»

(reprodução de mensagem entretanto distribuída pela sua autora a uma lista de colegas  da UMinho - lista eletrónica de elaboração própria)

"Vice-presidente de Universidade do Gana quer ser Reitor do Porto"

«O Conselho Geral da Universidade do Porto elege esta quarta-feira um novo Reitor. Há quatro candidatos ao cargo. São todos homens, três deles jogam em casa e o quarto é um cidadão indiano, vice-presidente do King's College do Gana.
A eleição do 18º Reitor da Universidade do Porto, uma instituição com 32 mil alunos e 14 faculdades, vai durar o dia inteiro. Há quatro candidatos ao cargo ocupado por José Marques dos Santos desde julho de 2006.
Rajesh S. Arora é o primeiro a prestar provas públicas perante os 23 membros do Conselho Geral da Universidade. Nasceu na India em 1969 e é atualmente vice-presidente da Universidade King's College no Gana.
Às 11h30 é a vez do atual diretor da Faculdade de Engenharia do Porto, Sebastião Feyo de Azevedo, apresentar o seu programa para a reitoria e responder às perguntas dos membros do Conselho Geral da Universidade.
Depois da pausa para almoço, é a vez do júri ouvir o diretor da Faculdade de Ciências, António Fernando Silva. A sessão, que pode ser acompanhada em direto, termina com a exposição de João Proença, diretor da Faculdade de Economia, o último candidato a ser ouvido.
O catedrático da Faculdade de Engenharia do Porto, José Marques dos Santos, fez dois mandatos à frente daquela que foi a maior universidade do país até ao início deste ano letivo [altura em que as Universidades Clássica e Técnica de Lisboa se fundiram].
O novo Reitor vai ser eleito por sufrágio secreto pelos 23 membros do Conselho Geral da Universidade, presidido pelo ex-provedor de Justiça e ex-presidente do Tribunal de Contas, Alfredo José de Sousa.
A votação realiza-se amanhã no final dos trabalhos. O novo Reitor precisa de metade mais um votos dos membros presentes do Conselho Geral para ser eleito. Se não for obtido este consenso na primeira volta, passam à segunda volta os dois candidatos mais votados. A segunda votação realiza-se de imeidato com as mesmas regras da primeira.
Poderá realizar-se ainda uma terceira votação, no mesmo dia, sendo eleito Reitor o candidato mais votado.
O Conselho Geral é constituído por 12 professores e investigadores, quatro estudantes, um funcionário não docente, e seis personalidades externas - para além do presidente, Pacheco Pereira, Maria João Rodrigues, Frei Bento Domingos, Maria João Vasconcelos e Paul Symington.»

(reprodução de notícia Expresso online, de 30 de Abril de 2014)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

Mensagem SNESup: "Concurso com fotografia"

«Colegas,
Procurando o SNESup a promoção pelo mérito nas Instituições de Ensino Superior, não podemos deixar de repudiar quaisquer formas de sentido contrário. Nesse sentido, denunciámos na passada semana ao Ministério Público um concurso para professor auxiliar na Universidade de Aveiro que claramente procura restringir o universo dos possíveis candidatos, contrariando o ECDU, em particular o art.º 37.º e seguintes.
Temos patrocinado o apoio a Colegas que, no âmbito de idênticos concursos, nos fazem chegar a sua preocupação de restrição de candidatos, em favor de uns poucos.
Continuaremos a apoiar a defesa da transparência e do mérito. E contamos consigo para promover a transparência e o mérito nas Instituições de Ensino Superior. Se tiver conhecimento de concursos pouco claros não deixe de nos dar conta dos mesmos escrevendo para snesup@snesup.pt

Saudações Académicas e Sindicais,
A Direcção do SNESup
em 28 de abril de 2014

(reprodução de mensagem/comunicado do SNESup entretanto produzido)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

terça-feira, 29 de abril de 2014

Eleições para o Senado Académico

Caros(as) colegas,
Temos o gosto de vos informar que depositámos no início desta tarde no secretariado do Senado a  nossa candidatura às eleições para o Senado Académico,  "representação dos Professores e Investigadores no órgão".
Com a formalização desta candidatura pretendemos dar, uma vez mais, um contributo para o debate sobre a Universidade que temos e a que gostaríamos de vir a ter, mais Transparente, mais Participada, com um projeto e uma gestão assumidos com Responsabilidade pela comunidade académica, isto é, em que a Academia se reconheça plenamente. 

sábado, 26 de abril de 2014

"Ganhou coragem e publicou um livro"

O professor eloquente 

(título de mensagem, datada de 26 de Abril de 2014, disponível em Empreender)

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Associação Académica do Minho cancela Enterro da Gata

Notícia jornal Público
Associação Académica do Minho cancela Enterro da Gata em homenagem aos colegas mortos:

Comentário: depois de imenso empenho público a desculpar o indesculpável e, sobretudo, de 3 mortes, eis que a AAUM tem uma atitude merecedora de elogio. Já descríamos que fossem (a direção da Associação Académica, entenda-se) capazes de um gesto dessa dimensão.

Rebuliço no ILCH

Ao que nos dizem, vai um enorme rebuliço no ILCH a propósito de uma proposta de Revisão dos Estatutos do Instituto de Letras e Ciências Humanas entretanto formulada, isto é, de uma das vertentes contempladas na reformulação dos Estatutos entretanto posta em discussão no Instituto. No centro da polémica parece estar o enquadramento Departamental que se pretende dar à "especialidade de Mentalidades e Cultura Portuguesa".
Posto que nem todas as discussões havidas na UMinho são estéreis e o ILCH ainda é uma unidade orgânica da Universidade do Minho, não querem os colegas do ILCH presentear-nos com umas notas sobre a matéria de fundo que informa o debate em curso? Pela nossa parte, gostariamos muito de estar melhor informados.

NDNR

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Conselho Geral da UMinho: COMUNICADO

«À Comunidade Académica
 
Perante o trágico acidente ontem ocorrido em Braga, e que vitimou mortalmente três jovens estudantes desta instituição de ensino superior, o Conselho Geral da Universidade do Minho e todos os membros que o integram apresentam às famílias das vítimas as suas mais sentidas condolências.
 
O Presidente do Conselho Geral,
Álvaro Laborinho Lúcio
________________________________
Conselho Geral
Universidade do Minho»

(reprodução de mensagem entretanto distribuída universalmente na rede eletrónica da UMinho, com origem na entidade identificada)

Testemunho: "É de homens e mulheres assim que este país tanto precisa!"

«Caros estudantes, caros colegas
Ontem, quando aconteceu a tragédia, estavam os alunos do 1º ano de Educação a fazer avaliação contínua na minha uc Filosofia da Educação.O tema era a dor, o sofrimento e como ajudar os outros nestas situações. Começaram os telefones a tocar, e os alunos a reponderem, fora da aula. Mas tornavam a entrar. Concentraram-se e fizeram o memorando de aprendizagem, que não podia estar mais contextualizado tematicamente. Fomos interrompidos por um guarda que me disse que éramos a única turma a funcionar no cp2. Eu disse que íamos continuar e que os alunos estavam a fazer avaliação. Pediu desculpa e foi-se embora, perguntando ainda por uma aluna que os pais estavam a tentar contactar. Era do 2º ano.
Apareceram também à porta (sem interromper a aula) alunos do 3º ano e um de mestrado em EAIC. Fui ter com eles e pediram para encaminhar os alunos, após o memorando, para o Prometeu, e pediram-me que eu também fosse. Assim fizemos. E ali estivemos; mais tarde apareceu o Carlos Gomes. Falou-se, exprimiram-se emoções, abraçamo-nos, confortando-nos.
Isto foi um exemplo de uma praxe digna. 
Manifesto aqui o meu orgulho (apesar do imenso cansaço que sinto após uma noite mal dormida)  pelos alunos de Educação, pelo exemplo de auto-disciplina e de interajuda que uns e outros demonstraram. É de homens e mulheres assim que este país tanto precisa!
Um Bem-Hajam a tod@s eles! 

Clara Costa Oliveira»

(reprodução de mensagem entretanto distribuída universalmente no Instituto de Educação, UMinho)

Comentário entretanto recebido, via correio eletrónico:
Obrigado, Clara!
Só que a meu ver isso não foi "praxe digna".
Foi comportamento digno/exemplar  de alunos e professora.
Abraço,

António Cândido

"Parece que foi praxe"

"Estive no campus com os alunos até às 22h....3 mortos, e parece que 4 feridos, de LEI. Parece que foi praxe.
Estou tão cansada deste país..." 

 Clara Costa Oliveira

quarta-feira, 23 de abril de 2014

O ´circo` dá origem a mais 3 mortos!

Notícia jornal Público
Queda de muro mata três estudantes na Universidade do Minho:
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/queda-de-muro-deixa-dois-estudantes-na-universidade-do-minho-soterrados-1633391#/0

Comentário: até quando vamos ser cúmplices destes crimes?

"Eleições Senado Académico - Esclarecimento"

«Eleições dos representantes dos Professores e Investigadores, dos representantes dos Estudantes e
dos representantes dos Trabalhadores Não Docentes e Não Investigadores no Senado Académico
ESCLARECIMENTO

Considerando a interpretação conjugada do disposto n.º 1 do artigo 6.º do regulamento eleitoral aprovado pelo Despacho RT-14/2014 e no calendário eleitoral anexo ao referido Despacho, esclarece a Comissão Eleitoral que o período de apresentação de listas de candidaturas ( na Secretaria do Senado Académico, CP II, 3.º piso/Gualtar) decorre nos dias 24, 28 e 29 de do corrente mês de abril.

Informa-se ainda que em conformidade com o previsto no Calendário Eleitoral,  os cadernos eleitorais definitivos relativos aos Professores e Investigadores, aos Estudantes e aos Trabalhadores Não Docentes e Não Investigadores foram já colocados no local da página da Internet da UMinho destinado à divulgação de informação relacionada com o presente processo eleitoral, a que se acede do seguinte modo: www.uminho.pt/ Separador “UMinho”/ Entrada de menu “Publicitação institucional”/ Entrada “Eleições Senado Académico”.

O Presidente da Comissão Eleitoral
Manuel Filipe Santos
23 de abril de 2014.»

(reprodução de mensagem, distribuída universalmente na rede da UMinho, que nos caiu entretanto na caixa de correio eletrónico)

“A meta de 40% de diplomados era muito ambiciosa” !?

«A forte redução de alunos nas universidades privadas é um "problema" que tem vindo a ser discutido entre as instituições e o Governo, estando prevista uma recuperação e "crescimento moderado" de alunos. O secretário de Estado do Ensino Superior aponta a "estabilização" da procura, em queda desde o ano 2000, mas reconhece "algum efeito" das dificuldades económicas das famílias. José Ferreira Gomes confessa ainda que a meta de termos 40% de diplomados dentro de seis anos é "muito ambiciosa".
Como vê o Ministério da Educação a tendência de quebra de alunos nas privadas? É preocupante? 
A quebra é consequência da estabilização da procura estudantil desde o ano 2000 e da progressiva adaptação da oferta pública aos interesses dos estudantes. Várias políticas estão desenhadas no sentido de ser recuperado um crescimento lento.
Prevê que a tendência se mantenha no futuro? 
Espera-se que possamos retomar um crescimento moderado.
Estes números põem em causa o cumprimento da meta 20-20 em atingir 40% de diplomados entre os 30 e os 34 anos? 
A meta de 40% era muito ambiciosa no momento em que foi assumida. Todas a projecções apontam para que seja de facto atingida em 2020 ou pouco depois.
As instituições privadas têm pedido ajuda ao MEC para ultrapassar esta situação? 
Nos muitos contactos com as instituições privadas (e também com as públicas) temos discutido este problema, sempre na perspectiva de melhorar o serviço de educação superior oferecido à nossa população.
(reprodução de notícia/entrevista Económico online, de 23 de Abril de 2014 - ANA PETRONILHo)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]

"Lula recebe a homenagem ´pelo impacto que teve a política educativa do seu Governo`"

Notícia Açoriano Oriental
Lula da Silva recebe hoje título de doutor honoris causa em Salamanca antes de viajar para Lisboa:
http://www.acorianooriental.pt/noticia/lula-da-silva-recebe-hoje-titulo-de-doutor-honoris-causa-em-salamanca-antes-de-viajar-para-lisboa

sexta-feira, 18 de abril de 2014

"Inquérito a cientistas portugueses mostra que 46,4% querem emigrar ou já emigraram"

«Questionário na Internet foi respondido por 1820 pessoas. Só cerca de um quinto dos investigadores que responderam já teve um contrato de trabalho.

O inquérito feito pela Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis (PI) aos investigadores conclui que quase 46,4% dos investigadores que responderam ao questionário tem vontade de emigrar ou já emigrou. Segundo os resultados divulgados nesta quarta-feira, das 1820 pessoas que participaram no inquérito, apenas 22,2% disseram ter tido um contrato de trabalho na área da investigação – portanto, 77,8% nunca tiveram um contrato.
O inquérito dedicado à comunidade científica, que esteve disponível no site dos PI para ser respondido entre 12 de Fevereiro e 11 de Março deste ano, estava aberto a quem quisesse participar. Na altura, a associação lançou o questionário em resposta às declarações de Miguel Seabra, presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), numa entrevista dada em Janeiro ao PÚBLICO, na qual descrevia as dificuldades de reunir dados sobre o número de bolseiros a trabalhar em Portugal.
“Este interesse dos actuais decisores políticos em esconder a precariedade no trabalho científico e a emigração que esta provoca merece uma resposta”, lia-se, na altura, no site dos Precários Inflexíveis.
Não é possível saber a proporção de pessoas que responderam em relação ao tamanho da comunidade científica portuguesa. Mas, para se ter algum enquadramento, basta dizer que a FCT deu 1875 bolsas de doutoramento e de pós-doutoramento no concurso de 2012 e no concurso de 2013 concorreram 2305 investigadores só às bolsas de pós-doutoramento.
Ao inquérito, responderam desde professores universitários até técnicos que apoiam a investigação, mestrandos e desempregados. No entanto, os doutorandos (32,7%) e pós-doutorandos (25%) representaram mais de metade da população que respondeu ao inquérito. Todas as áreas do saber estão representadas.
12% dos doutorados desempregados
Dos inquiridos, 900 pessoas já estiveram desempregadas em algum momento das suas vidas, e cerca de metade destas pessoas já estiveram mais de seis meses desempregadas. “Considerando que 715 destas pessoas indicaram nunca ter tido acesso a um contrato de trabalho na área da investigação, inferimos que 79,5% destes investigadores não tiveram acesso a protecção social quando estiveram numa situação de desemprego”, lê-se no relatório.
Entre os investigadores bolseiros que responderam ao inquérito, num total de 1254 pessoas, há 50,2% a acumular bolsas há mais de cinco anos, o equivalente a 630 cientistas. Destes, 200 investigadores têm bolsas há mais de dez anos e 20 são bolseiros há mais de 15 anos.
Dos investigadores que já completaram o doutoramento e não emigraram (660 pessoas), 12% estão desempregados, 59% têm uma bolsa, 28% têm um vínculo laboral e 1% estão a investigar sem receber dinheiro.
Em relação à intenção de emigrar, 33% dos inquiridos responderam que estão a pensar em emigrar, 13,4% já emigraram, 33,1% disseram estar indecisos e apenas 20,4% responderam negativamente. Segundo o inquérito, quem não tem um vínculo laboral, incluem-se aqui os bolseiros, pensa mais em emigrar (39,1%) do que ficar no país (21,5%) em relação a quem tem vínculo laboral. Neste último grupo, 38,8% diz não pensar emigrar, enquanto 30,8% pensa em emigrar e 30,3% está indeciso. “A precariedade associada à condição de bolseiro é um factor decisivo na escolha pela emigração”, lê-se no relatório.
“Os resultados deste inquérito demonstram que a estratégia de desenvolvimento e sustentabilidade do edifício científico desenvolvida nos últimos anos revela grandes fragilidades, tendo sido conseguida à custa da precarização do sector”, lê-se no relatório. “A chamada ‘fuga de cérebros’ é uma realidade grave e um fenómeno já de enorme dimensão.”»
(reprodução de notícia Público online, de 16/04/2014)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]

O "Memorando de Entendimento" que devia ter sido discutido previamente à sua assinatura em sede do CG da UMinho e ainda não o foi

«Memorando de Entendimento entre a Universidade do Porto, a Universidade do Minho e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, com vista à criação do Consórcio das Universidades do Norte (UniNORTE)

A Universidade do Porto, com sede na Praça Gomes Teixeira, 4099-002 Porto, doravante designada UPorto, representada pelo seu Reitor, Prof. Doutor José Carlos Marques dos Santos;
A Universidade do Minho, com sede no Largo do Paço, 4704-553 Braga, doravante designada UMinho, representada pelo seu Reitor, Prof. Doutor António Augusto Magalhães da Cunha;
A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, com sede em Quinta de Prados 5000-801 Vila Real, doravante designada UTAD, representada pelo seu Reitor, Prof. Doutor António Fontainhas Fernandes.

Considerando:
A envolvente de grande complexidade com que estão confrontadas as Universidades públicas portuguesas, nos contextos internacional, nacional e regional, em resultado de desafios e dificuldades em que avultam:
a) a centralidade do conhecimento como fator estratégico e competitivo das sociedades contemporâneas, afirmada expressivamente no Programa Quadro Europeu 2014-20;
b) a complexidade dos desafios societais contemporâneos, que exigem respostas que só as universidades podem em larga medida protagonizar, através do conhecimento que produzem e disseminam, mobilizando grupos disciplinares e multidisciplinares de larga dimensão, detentores de competências altamente especializadas;
c) a crescente competitividade interinstitucional, à escala nacional e internacional, na procura de mais e melhores estudantes, bem como na atração de recursos humanos e de financiamento necessário para a concretização das diferentes dimensões da missão da Universidade: o ensino, a investigação e a interação com a sociedade;
d) a redução do financiamento público do ensino superior na generalidade dos países europeus, acompanhado por uma grave crise socioeconómica no sul da Europa, que, entre outros aspetos e independentemente de considerações de ordem política, inibe a adoção de modelos de financiamento baseados no aumento dos valores das propinas;
e) a erosão da autonomia administrativa e financeira de que têm sido alvo as instituições universitárias, em nome de um conjunto de medidas de suposta contenção de despesa da Administração Pública, mas que apenas limitam as possibilidades de se encontrar financiamentos alternativos e inibem a prossecução de um projeto académico diferenciado;
f) a reconfiguração do sistema de ensino superior à escala global, com uma cada vez maior presença, entre outras, das universidades asiáticas e com a emergência de novos modelos de governação;
g) a existência de movimentos de agregação de universidades, sob a forma de redes transnacionais, federações ou fusões, motivados por lógicas de racionalização ou estratégias de crescimento, com procura de ganhos de escala aos níveis do impacto da formação e da investigação, da atração, da visibilidade e dos recursos humanos e infraestruturas;
h) os desequilíbrios da rede nacional de ensino superior com desajustes entre a oferta e a procura em várias regiões do país, seja por ausência seja por redundância, em resultado, entre outras razões, de uma deficiente definição da missão e das esferas de atuação dos subsistemas universitário e politécnico;

As oportunidades e as condições de diferente natureza que que se reconhecem nos contextos regional, nacional e internacional, nomeadamente:
i) o aumento da procura de formações qualificadas aos níveis da graduação e da pós-graduação nas economias emergentes, incluindo as dos países de língua oficial portuguesa, que o estatuto do estudante internacional permitirá aproveitar;
j) a emergência de novos modelos educativos, baseados nomeadamente no ensino não presencial e on-line, que poderá provocar profundas alterações nos modos de conceber a realização da missão da Universidade, bem como na tipologia das suas infraestruturas físicas e no perfil dos seus recursos humanos;
k) a existência de sólidas redes nacionais e internacionais de investigação participadas pelas Universidades signatárias, que, entre outros aspetos, vêm fomentando uma muito significativa progressão da produção científica;
l) a experiência acumulada pelas três Universidades na conceção e desenvolvimento de projetos de ensino interinstitucionais;
m) o reforço da articulação entre as instituições de ensino superior e o tecido económico-produtivo e social, nomeadamente no âmbito da construção de estratégias regionais de especialização inteligente (RIS3);
n) a imagem de credibilidade de que gozam hoje as Universidades públicas portuguesas.

O quadro Europa 2020 e as perspetivas e as circunstâncias que no seu âmbito se prefiguram, incluindo:
o) o aprofundamento da construção do espaço europeu de ensino superior e a importância do mesmo para o sistema universitário português e para cada uma das Instituições signatárias;
p) o aprofundamento da construção do espaço europeu de investigação e a importância que as Universidades nele devem ter;
q) a crescente importância da internacionalização das universidades;
r) as oportunidades resultantes dos objetivos e as metas do Programa Quadro Europa 2020, designadamente as decorrentes dos níveis de educação superior da população e da redução das taxas de insucesso estudantil a atingir, bem como do aumento do investimento em investigação em percentagem do rendimento nacional;
s) o aumento da importância dos financiamentos competitivos e com base em fundos estruturais;
t) o aumento das exigências de qualidade institucional, com a consolidação de agências nacionais e transeuropeias de avaliação e acreditação;
u) as crescentes obrigações de prestação pública de contas a organismos de diferente natureza e à sociedade em geral.

Entendem ser de grande importância para o futuro e desenvolvimento das suas Instituições:
Aprofundar os espaços de articulação e cooperação institucional de forma a congregar os meios humanos e os recursos materiais que permitam responder mais adequadamente ao referido quadro de oportunidades e desafios através de soluções de complementaridade como, por exemplo: a concertação de recursos para competir no contexto internacional, como é o caso da atração de estudantes estrangeiros; a articulação estratégica ao nível de investimentos infraestruturais e do aproveitamento de oportunidades de crescimento.
Potenciar oportunidades de cooperação estratégica e operacional que, entre a UPorto, a UMinho e a UTAD, são favorecidos pela proximidade geográfica, com inserção na mesma Região (NUT II – Norte), bem como pelas diversas experiências de colaboração desenvolvidas no passado recente; o espetro de competências e de infraestruturas das três Universidades traduz-se na coexistência de importantes complementaridades, mas também na existência de áreas de identidade ao nível da oferta educativa e da atividade de grupos de investigação.
Desenvolver este trabalho de articulação sem prejuízo do desejável aprofundamento de estratégias identitárias, essenciais à afirmação de cada Instituição num contexto crescentemente globalizado e normalizado. Desenvolver igualmente a concertação dos objetivos estratégicos das três Universidades, entre si e com as outras instituições relevantes da Região, a adoção de referenciais comuns de qualidade, a agilização de mecanismos de partilha de recursos e uma maior convergência entre a oferta educativa e as necessidades do país, explorando-se também oportunidades no contexto internacional.
Aproveitar o quadro de concorrência interinstitucional que emergiu mais claramente na última década e que tem sido salutar para a Região Norte, uma vez que duas das suas universidades estão entre as instituições de ensino superior portuguesas melhor classificadas nos rankings internacionais; no entanto, importa complementá-lo com uma agenda de cooperação estratégica assumida e praticada pelas três Universidades, sem prejuízo do já referido aprofundamento da diferenciação das respetivas missões e perfis institucionais.
Participar proativamente na construção de uma estratégia regional inteligente, recomendada pelo novo programa quadro Europa 2020, assente no compromisso das três Universidades na concretização de um novo modelo de desenvolvimento sustentável que garanta o futuro da Região pela geração, atração e fixação de talento capaz de criar riqueza e de assegurar o bem-estar das populações, tirando também partido das dinâmicas transnacionais de proximidade, em particular no âmbito da Macrorregião do Sudoeste Europeu (RESOE).
Desenvolver um processo de articulação interinstitucional, envolvendo também a CCDR-Norte e outros agentes regionais, com objetivos de concertação estratégica e operacional nos domínios:
i. das estratégias institucionais de médio/longo prazo, com identificação de áreas de cooperação e de atuação conjunta;
ii. da oferta educativa nos diferentes ciclos de estudos, potenciando projetos conjuntos, nomeadamente em domínios de formação emergente ou nos de procura reduzida;
iii. das plataformas e produção de conteúdos para ensino a distância e cursos on-line;
iv. da mobilidade interinstitucional de estudantes;
v. da investigação, nomeadamente a partir das unidades com maior potencial, seja pelo reforço da massa crítica ou pela complementaridade de recursos e projetos existentes;
vi. da partilha de recursos humanos, nomeadamente docentes, em áreas com reduzido número de estudantes;
vii. da participação ativa e concertada na concretização das estratégias regionais e transregionais, que deverão ser consentâneas com os planos estratégicos institucionais e envolver outras instituições de ensino superior da região;
viii. da promoção internacional conjunta da Região Norte como local de formação superior de referência e de investigação e desenvolvimento de excelência, incluindo o desenvolvimento de planos conjuntos para atração de estudantes e investigadores estrangeiros;
ix. da promoção do empreendedorismo académico;
x. da identificação de eventuais áreas de investimento partilhado (p.ex., bases de dados ou infraestruturas científicas);
xi. da representação (conjunta) em redes transnacionais;
xii. da promoção do desporto universitário, incluindo a organização conjunta de grandes eventos internacionais;
xiii. da ação social escolar;
xiv. da organização de iniciativas culturais.
Construir uma plataforma de cooperação interinstitucional num modelo capaz de acomodar outras geometrias colaborativas, desenvolvidas em conjunto ou por cada uma das universidades, nos contextos da Região Norte ou de iniciativas transregionais nos espaços nacional, ibérico, europeu ou global.

Em consequência, comprometem-se, nos termos e objetivos deste Memorando de Entendimento, a trabalhar conjuntamente na operacionalização de um quadro aprofundado de colaboração estratégica interinstitucional.
Para o efeito será constituída, de imediato, uma comissão conjunta com dois elementos de cada Universidade, membros das respetivas equipas reitorais, que no período de 60 dias deverá elaborar um documento que inclua:
1. a validação dos pressupostos desta proposta e a confirmação da oportunidade e interesse da constituição de um Consórcio de Cooperação Estratégica das Universidades do Norte (UniNORTE);
2. a identificação dos objetivos de curto e médio prazo do Consórcio;
3. a definição do quadro legal e do modelo organizacional do Consórcio;
4. a definição de mecanismos efetivos de articulação institucional, por exemplo, em termos de oferta educativa, nomeadamente: 
a. concertação da oferta educativa, de acordo com as estratégias de desenvolvimento regionais/ nacionais;
b. gestão conjunto do plafond de vagas/número de cursos, já no Concurso Nacional de Acesso 2014;
c. gestão integrada de abertura/encerramento de cursos (incluindo identificação de novas áreas de formação);
5. a identificação das áreas com maior potencial de cooperação interinstitucional, tendo em conta a estratégia regional de desenvolvimento;
6. a avaliação da possibilidade da implementação de iniciativas conjuntas de promoção da internacionalização das Universidades do consórcio;
7. avaliação das possibilidades efetivas de cooperação nos domínios da oferta cultural, do desporto universitário e da ação social escolar;
8. a avaliação da possibilidade de articulação dos planos estratégicos das três Instituições, tendo como referência a estratégia regional de especialização inteligente.

Assinado em Sessão Pública na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, em 10 de abril de 2014.

Prof. Doutor José Marques dos Santos
Reitor da Universidade do Porto
Prof. Doutor António M. Cunha
Reitor da Universidade do Minho
Prof. Doutor António Fontainhas Fernandes
Reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro»

(reprodução integral do texto do documento em título)

Comentário: segundo um membro do CG de Vila Real, "o acordo celebrado entre os 3 reitores foi que em 2014/15 não se mexeria nos cursos, mas no ano lectivo seguinte iria ser tudo (cursos) mexido entre as 3 universidades"; adicionalmente, anote-se que o doc., depois de remetido pelo reitor para os presidentes das Escolas/Institutos, foi distribuído por todos numas/nuns e não o foi (para ninguém), ainda, noutras. 

quarta-feira, 16 de abril de 2014

terça-feira, 15 de abril de 2014

"Especialistas ibero-americanos traçam caminhos da internacionalização"

«“As fontes de financiamento para o trabalho científico secam. Perante esta crise as políticas públicas para a investigação são acometidas de restrições ideológicas pouco percebidas no plano científico”, este é um dos muitos alertas deixados por José Paquete Oliveira, professor jubilado do ISCTE e actual provedor do leitor do jornal ‘Público’, convidado para a conferência inaugural que marcou o início dos trabalhos científicos do II Congresso Mundial de Comunicação Ibero-americana que decorre até amanhã, na Universidade do Minho.
O encontro reúne quase 800 participantes, inclui 160 sessões de grupos temáticos e três sessões plenárias que juntam especialistas do espaço ibero-americano para debater língua e inter-culturalismo, política científica e prioridades de investigação em comunicação.
 “Num tempo em que finalmente a grande parte dos nossos países estava a conseguir estabilizar o número crescente dos profissionais de investigação, surge a crise que estrangula, desestimula esta nova era do nosso patamar de linhas de investigação. Este estádio de maturidade que é a afirmação do trabalho feito pelos nossos centros de investigação, pelas nossas universidades é atacado por lógicas economicistas” adverte Paquete de Oliveira, defendendo que cabe aos cientistas desmistificar o critério de definição de excelência e qualidade que “hoje erradamente é a eficácia do mercado que garante a excelência académica”.
 ‘Comunicação, Cultura e Internacionalização’ é o mote do congresso, a que Paquete Oliveira acrescenta “desafios, delimitações e efeitos perversos”. 
O provedor do leitor do jornal ‘Público’ destacou o imenso espaço ibero-americano que em termos de superfície representa quase 20 milhões de km2 e se somarmos a população destes países formamos uma população superior a 600 milhões de habitantes. 
No plano linguístico, factor determinante para o nosso entendimento, se juntarmos a língua espanhola e a língua portuguesa somamos uma comunidade de cerca de 570 milhões de falantes. Segundo um estudo feito recentemente sobre o potencial económico da línguas portuguesas e espanhola, a proximidade do espanhol e do português levou a um significativo desenvolvimento de iniciativas ibero-americanas que tendem a fomentar esta inter-compreensão. 
Paquete de Oliveira lembra que a Argentina foi o primeiro país a ter o português como língua estrangeira e oferta obrigatória de todo o sistema de ensino, seguindo-se a Galiza, bem como em Portugal tem sido crescente o número de alunos que nas opções de ensino escolhem o espanhol como matéria de estudo. 
 “Se o principal desígnio deste congresso é encontrar e estreitar caminhos para a internacionalização, no campo científico e cultural, não podemos negligenciar a prática e a inter-compreensão das nossas línguas como estratégica para conseguirmos os nossos objectivos”, vincou.»
(reprodução de artigo CORREIO DO MINHO online, de 15 de Abril de 2014)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]

"Há mais sexismo nas universidades do que em outras áreas em Portugal”

«A investigadora em estudos de género Maria do Mar Pereira foi a vencedora do Prémio Internacional para o Melhor Livro em Investigação Qualitativa feito entre 2010 e 2014.
A investigadora em estudos de género Maria do Mar Pereira vai receber, em Maio, pela obra Fazendo Género no Recreio – A negociação do género em espaço escolar, o Prémio Internacional para o Melhor Livro em Investigação Qualitativa feito entre 2010 e 2014. Além das escolas, diz que as universidades são espaços de discriminação e que a crise pode levar a um retrocesso nas conquistas de género. Em entrevista ao PÚBLICO, confessa ainda que tem “muita pena” de ter tido de emigrar e de estar a aplicar no estrangeiro um conhecimento que foi financiado por Portugal

Maria do Mar Pereira, 32 anos, vive em Inglaterra há sete anos, onde dá aulas na Universidade de Warwick. Foi distinguida por um estudo que fez em 2012, quando foi para uma escola em Lisboa perceber o que pensam jovens de 13 e 14 anos sobre as relações entre homens e mulheres e sobre o ser-se homem e o ser-se mulher. Apesar de, no final do processo, terem começado a mudar as suas ideias, estes adolescentes continuavam a pensar que meninas com muitos namorados eram galdérias e que homens sensíveis eram “maricas”.
O que é que pensava sobre o ser-se homem e mulher quando tinha a idade dos jovens que entrevistou?
Lembro-me de ter 13 anos e de já me dizerem que me armava em feminista. Eu respondia que não era feminista! Não sabia o que era. Foi preciso chegar aos 18 para perceber que é defender a igualdade entre homens e mulheres.
Na adolescência nunca se sentiu contaminada pelas representações que existem na sociedade?
Havia coisas que me pareciam injustas. Como os rapazes, os nossos irmãos e primos, serem tratados de forma diferente, os meus pais acharem que meninas não dizem asneiras, e os rapazes mais sensíveis não serem respeitados. Mas não tinha a linguagem para as nomear e dizer por que eram injustas.
Mas nunca se deixou contaminar?
Sim, muitas vezes adaptei o meu comportamento às ideias sobre o que é uma rapariga desejável e normal. Queria parecer desejável, atraente. Normal, acima de tudo. Essa força da normalidade é muito intensa sobre os adolescentes. Lembro-me de os meus colegas dizerem que nunca ia arranjar um namorado, porque era demasiado inteligente e os rapazes não gostam de mulheres inteligentes. Nessa altura, e até arranjar namorado, não é que fingisse que era burra, mas ficava calada.

Os adolescentes que entrevistou achavam que as raparigas com vários namorados eram galdérias e os rapazes não. Os rapazes que falavam sobre os outros eram “curiosos”, as meninas “coscuvilheiras”. Os rapazes que não correspondiam ao ideal de masculinidade eram “maricas”. São representações que já existiam  e que se mantêm... De onde vêm?
Para jovens desta idade vêm muito dos media. Dos filmes, revistas, séries de televisão. Da escola também. Eles ouvem dizer que os rapazes se portam mal, que as raparigas têm mais maturidade, que os homens só pensam em sexo. Estas afirmações feitas, muitas vezes em conversa banal, definem a visão que crianças e jovens têm sobre o mundo. Como as pessoas acham o género uma coisa natural, normal, biológica, as professoras e os professores nem sempre têm noção que fazer certos comentários pode ter efeitos muito nocivos.

Há estudos científicos sobre a diferença entre o cérebro das mulheres e o dos homens. Alguns dizem-nos que o desempenho motor e a visualização espacial são mais fáceis para eles e a memória e as capacidades cognitivas sociais mais fáceis para elas. É um exemplo, há mais. Estas conclusões acerca das diferenças biológicas entre homens e mulheres incomodam-na?
Há que reflectir sobre essas conclusões. As diferenças entre homens e mulheres não são constantes, mudam de cultura para cultura e ao longo do tempo. Se fossem estritamente biológicas não se alteravam nem eram diferentes de cultura para cultura. As raparigas podem ter mais jeito para a linguagem, para as relações interpessoais, e os rapazes serem mais atléticos ou terem mais jeito para as questões motoras. Mas isso não nos diz se nasceram assim. A maior parte dos estudos tem demonstrado que é o facto de os bebés serem sujeitos a socializações muito diferentes que acaba por extremar essas capacidades. Na Suécia, onde já vivi e em que a sociedade não é tão diferenciada, esses estudos cerebrais não mostram tantas diferenças.

Neste estudo que recebeu o prémio, foi para uma escola, acompanhou os jovens. Tendo em conta o contexto de crise, se fosse para uma empresa em Portugal com adultos e com o foco nas relações de trabalho, as representações seriam muito diferentes?
Depende da empresa, mas as pessoas continuam a assumir que as mulheres, se são bonitas, não podem ser assim tão inteligentes e se são promovidas não terá sido só pelo mérito e produtividade. Que os homens têm mais autoridade ou credibilidade. Que contratar uma mulher jovem é um risco, porque não vai levar a carreira tão a sério e o verdadeiro objectivo das mulheres é a maternidade. Em momentos de crise, há ainda a ideia de que certas conquistas de igualdade custam dinheiro. Pode haver um voltar atrás nas questões de género. Activa-se a ideia de que, como há menos emprego, se as mulheres forem para a casa tomar conta das crianças e dos velhos, até se poupa dinheiro ao Estado que não tem de ter esse tipo apoio social.»
(reprodução de notícia jornal Público online, de 14/04/2014 - MARIA JOÃO LOPES)
[cortesia de Nuno Soares da Silva] 

segunda-feira, 14 de abril de 2014

"Não se entusiasmem demasiado com consórcios, porque as Universidades competem umas com as outras"

[...é pouco provável que a Universidade do Porto vá mais longe do que aquilo a que se propõe, otimizar as suas candidaturas a projetos europeus, aumentando a massa crítica. Por isso, não se entusiasmem demasiado com consórcios, porque as Universidades competem umas com as outras na captação de alunos e tudo o resto é folclore. E infelizmente para a UM, não será o Vira.]

(título e excerto de mensagem, datada de sábado, 12 de Abril de 2014, disponível em O Campus e a Cidade)

Comentário: "infelizmente para a UM, não será o Vira"!

"Só em cinco universidades do país o valor de propinas em atraso já atinge 14 milhões de euros"

Propinas em atraso já atingem os 14 milhões de euros 

(titulo de mensagem, datado de 13 de Abril de 2014, disponível em UM para todos)

domingo, 13 de abril de 2014

Pintar anjos nos tectos dos quartos

"Os antigos tinham razão em pintar anjos nos tectos dos quartos. Parte da vida passa-se a olhar para eles". 

M. Torga

sábado, 12 de abril de 2014

Concurso para provimento de lugares de professor associado da Escola de Direito

Conforme se pode ler ainda nesta data (2014/04/12) na última mensagem constante do blogue do Movimento Universidade Cidadã, a 27 de Janeiro de 2014, na reunião então realizada do Conselho Geral da Universidade do Minho, foi aprovada por unanimidade dos representantes dos professores uma moção relacionada com o "recrutamento de pessoal docente". Face à iniciativa de alguns colegas e às ditas circunstâncias, eu, José Cadima Ribeiro, prescindi então de apresentar a tomada de posição que tinha preparado para a ocasião, para a eventualidade de não se chegar à unanimidade pretendida. Em face dos últimos desenvolvimentos havidos na matéria de facto que justificou a produção da moção, tomo a iniciativa de tornar público neste blogue o texto que na altura produzi; a saber:

«Tomada de posição no contexto de ratificação de despacho do Presidente do Conselho Geral aposto em exposição que lhe foi submetida por professora da Escola de Direito da Universidade do Minho, no seguimento de despacho do Reitor proferido aquando da homologação de ata da reunião final do júri do concurso para provimento de lugares de professor associado a que a professora foi opositora.
José Cadima Ribeiro, membro do Conselho Geral da Universidade do Minho em representação do corpo de professores e investigadores, confrontado com o pedido de intervenção do Conselho Geral (CG) apresentado por uma professora da Escola de Direito da UMinho, na sequência de despacho do reitor proferido aquando da homologação da ata da reunião final do júri do concurso para provimento de lugar de professor associado a que foi opositora, pedido esse sobre o qual recebeu ainda o despacho do Presidente do CG, o qual remetia para ratificação em reunião plenária,  em face das circunstâncias descritas entende como imperativo de consciência deixar expressas as considerações que passa a enunciar.
i) Os concursos da carreira docente universitária destinam-se a escolher, no confronto de diferentes candidaturas, através de uma análise global e comparada, aquela que demonstre possuir mérito mais elevado, do ponto de vista científico, pedagógico e outro, para o exercício das funções a concurso, assim promovendo a desejável dignificação e qualidade do pessoal que é provido.
ii) Para esse processo de avaliação e ordenação dos candidatos são constituídos órgãos próprios, que integram elementos especialmente qualificados na área disciplinar em causa, por regra, de categoria superior àquela para que é aberta concurso, aos quais compete exclusivamente, com imparcialidade e transparência, proceder à avaliação e ordenação das candidaturas.
iii) Tais júris, constituídos maioritariamente por elementos externos à instituição, como decorre da lei, gozam de plena autonomia no exercício das funções para que são chamados, possuindo ainda independência para apreciarem e decidirem todos os assuntos suscitados no âmbito do concurso, sendo este um princípio basilar e consolidado, na comunidade académica, em matéria de concursos de progressão na carreira docente.
iv) No caso vertente, vem relatado que o incidente que suscitou a intervenção do reitor ocorreu em sede de audiência prévia, em dezembro de 2012, tendo-se realizado posteriormente duas reuniões do júri.
v) Assim, entende-se que decorre do que fica assinalado acima que não terá sido observada a exigida separação de competências entre os órgãos em causa, acabando ordenada em lugar a prover candidata que não foi para esse efeito escolhida pelo júri do concurso.
vi) No concurso em causa, mais do que em qualquer outro, impunha-se um rigoroso distanciamento do reitor, dada a sua pública proximidade com a candidata que, não fora a sua intervenção, ficaria afastada, por opção expressa e fundamentada do júri, do lugar correspondente a vaga para provimento do lugar de professor associado da Escola de Direito da Universidade do Minho.
vii) Acresce que a presidência do júri do concurso, constituído por eminentes professores catedráticos de Direito, particularmente habilitados para analisarem, tecnicamente, aspetos que porventura fossem considerados duvidosos, esteve a cargo de um elemento da equipa reitoral, por delegação de competências, podendo por isso, se tal fosse querido, ter nesse âmbito sido averiguado o problema que acabou por ser levantado (“falsa declarações”), já então conhecido e que agora é invocado como fator justificativo daquela ingerência do reitor.
viii) Por tudo que se assinala, independentemente da decisão que em sede exterior à Universidade do Minho venha a ser tomada, há um juízo que no plano ético e académico não pode ser ignorado, e que leva o subscritor, enquanto membro deste órgão colegial de governo da Instituição, a manifestar a sua profunda preocupação com a situação descrita e com a eventual repercussão que tal poderá acarretar em matéria de imagem da Universidade do Minho quando tal for público.
Braga, 27 de Janeiro de 2013
O subscritor,

J. Cadima Ribeiro»

sexta-feira, 11 de abril de 2014

"Eleições Senado Académico"

«Eleições dos representantes dos Professores e Investigadores, dos representantes dos Estudantes e dos representantes dos Trabalhadores Não Docentes e Não Investigadores no Senado Académico
 
Informa-se por este meio toda a Comunidade Académica que a informação relacionada com as eleições em apreço será colocada na página da Internet da UMinho, a partir de hoje, dia 11 de abril, acedendo-se a essa informação do seguinte modo:
 
www.uminho.pt             
Separador “UMinho”
Entrada de menu “Publicitação institucional”
Entrada “Eleições Senado Académico”
 
Informa-se ainda que em conformidade com o previsto no Calendário Eleitoral,  foram hoje colocados no local acima referido, para efeito da respetiva publicitação, os cadernos eleitorais provisórios relativos aos Professores e Investigadores, aos Estudantes e aos Trabalhadores Não Docentes e Não Investigadores.
 
A Secretaria do Senado Académico.
Gualtar, 11 de abril de 2014.»

(reprodução de mensagem, de distribuição universalmente na rede da UMinho e proveniente da entidade identificada,  que nos caiu entretanto na caixa de correio eletrónico)

"Universidades portuguesas e espanholas aliam-se para atrair alunos da América Latina"

«A ideia é lançar uma espécie de primeiro Erasmus transfronteiriço, com partilha de alunos internacionais e cooperação em matéria de candidaturas a projectos europeus.
As universidades do norte de Portugal e da Galiza assinaram um protocolo com vista à criação do primeiro Erasmus transfronteiriço que determina, por um lado, a cooperação em matéria de meios financeiros e partilha de recursos entre as instituições dos dois países, e, por outro, pretende criar uma maior capacidade de atracção de alunos da América Latina.
 “É um Erasmus transfronteiriço, em que dois países mobilizam, através de uma comissão de coordenação, meios financeiros entre as instituições. Isto nunca tinha existido”, resumiu ao “Diário de Notícias” o reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Fontainhas Fernandes.
O protocolo assinado esta semana entre o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e o seu equivalente espanhol além de prever partilha de alunos, meios e recursos, tem a pretensão de criar capacidade para atrair “alunos de todos os países latinos”. Em Portugal, o recentemente aprovado Estatuto do Estudante Internacional abre ainda mais caminho a este tipo de protocolos.
Com este protocolo de cooperação, as universidades dos dois países poderão também candidatar-se em conjunto a projectos financiados por verbas do programa Horizonte 2020, da União Europeia.
Também esta quinta-feira, dia 10 de Abril, as universidades do Porto, Minho e Beira Interior assinam um “memorando” com o objectivo de partilharem candidaturas a fundos comunitários. Desta forma conseguem ganhar escala e massa crítica, melhorando as perspectivas de sucesso das candidaturas.»
(reprodução de notícia Jornal de Negócios online, de 10 Abril 2014)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]

"Universidades do Norte assinam memorando de entendimento amanhã"

«A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) acolhe na quinta-feira, 10 de Abril, pelas 15h30, na sua sede, no Porto, a sessão pública de assinatura do memorando de entendimento entre as universidades da Região do Norte…
…designadamente Universidade do Porto (UPorto), Universidade do Minho (UM) e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). A sessão é presidida pelo Ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, e conta com a presença dos secretários de Estado do Desenvolvimento Regional, Manuel Castro Almeida, e do Ensino Superior, José Ferreira Gomes.
O memorando de entendimento visa a criação de um Consórcio das Universidades do Norte (UniNORTE) que permita articular e potenciar a cooperação estratégica institucional entres as universidades envolvidas e participar proactivamente na construção de uma estratégia regional inteligente no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio.»
(reprodução de notícia NOTÍCIAS DE VILA REAL, de 09-04-2014)
(cortesia de Nuno Soares da Silva)

quinta-feira, 10 de abril de 2014

"Portugal 2020, a Agência Nacional de Inovação e a ligação Universidade-Empresa"

«É evidente o benefício de juntar universidades, que são o principal repositório da nossa capacidade científica, com empresas, a alavanca de mercado para esta capacidade.
Espera-se para breve a aprovação do acordo de parceria entre o Estado Português e a União Europeia para os próximos anos, o Portugal 2020. Este acordo tem como um dos objetivos centrais aproximar o sistema científico e a indústria, com cerca de 3 mil milhões de euros para apoiar diretamente a investigação, o desenvolvimento e a inovação.
É evidente o benefício de juntar universidades, que são o principal repositório da nossa capacidade científica, com empresas, a alavanca de mercado para esta capacidade. Mas esta ligação constitui um desafio que está longe de ser ultrapassado. Segundo o World Economic Forum, a colaboração universidade-indústria em I&D terá mesmo diminuído entre 2008 e 2013 em Portugal.
Existem razões conhecidas para esta situação. Por um lado, a presença na economia de muitas empresas de baixa e média tecnologia traduz-se em pouco investimento em I&D, individualmente ou com universidades. Quando procuram a universidade, muitas vezes é para serviços técnicos e não I&D. As universidades, por sua vez, demonstram pouca flexibilidade na definição das suas prioridades científicas e, por isso, não procuram o envolvimento empresarial nos seus projetos, que naturalmente têm outras prioridades. 
Mas o afastamento entre empresas e universidades é induzido pelos próprios instrumentos de financiamento da I&D. Para apoiar a ciência temos a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), cujos peritos se preocupam essencialmente com o mérito científico dos projetos, que o corresponde à sua missão. A I&D nas empresas não é financiada por estes projetos, pelo que estas têm participações marginais. Como resultado, o impacto económico dos projetos é muitas vezes ténue. Para apoiar a indústria temos entidades como a Agência de Inovação, ou programas como o Compete. Os avaliadores destas iniciativas procuram projetos inovadores com potencial económico, mas em que a dimensão científica é pouco relevante. Neste contexto, o envolvimento das universidades e a valorização científica dos projetos são pequenas.
A necessidade de uma visão integrada da ligação entre ciência e empresas imposta pelo novo acordo de parceria pode alterar o panorama. Surge uma oportunidade única para pensar programas de financiamento dirigidos a projetos simultaneamente com elevado potencial de impacto científico e forte oportunidade de exploração comercial. Estes programas, que não existem em Portugal, são algumas das iniciativas de inovação, empreendedorismo e ligação universidade-empresa com mais sucesso a nível internacional. A DARPA, na defesa e o ARPA-E, na energia, ambas nos EUA, são porventura os expoentes máximos destas iniciativas.
A Agência Nacional de Inovação cuja criação foi anunciada recentemente terá a responsabilidade de desenvolver estes programas de ligação. Existindo muitas dimensões a serem consideradas, vale a pena destacar algumas que me parecem críticas para o seu sucesso: (i) o envolvimento de empresas e entidades científicas como promotores em paridade, sendo possível apoios diretos às duas partes; (ii) projetos avaliados por peritos científicos, como na FCT, e também por especialistas que considerem a dimensão económica, tal como no Compete; (iii) alinhamento com áreas definidas como estratégicas para o país; (iv) requisito de lançamento de "startups", para que o empreendedorismo esteja na sua génese.
O Portugal 2020 é uma grande oportunidade para alterar o panorama Português de ligação entre ciência e mercado. É imprescindível não a desperdiçar.
Diretor da Católica-Lisbon School of Business & Economics»
(reprodução de artigo Jornal de Negócios online, de 07 Abril 2014 - por Francisco Veloso)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]