sexta-feira, 30 de outubro de 2015

"Instituto de Medicina Legal quer estreitar laços com universidades"

«Colaboração com a Nova Medical School, por exemplo, foi iniciada este ano. Viviam ambas "inexplicavelmente de costas voltadas" há longos anos

O vice-presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, João Pinheiro, realçou esta quinta-feira a aposta da instituição no “fortalecimento da colaboração” com as universidades. 
Na sua intervenção na abertura da II Conferência do INMLCF, João Pinheiro valorizou o reforço das relações com as faculdades de Medicina portuguesas, com as quais o instituto pretende “renovar os protocolos de colaboração científico-pedagógica, alguns com mais de 15 anos, ajustando-os à realidade e tempos” atuais. 
 “Não posso deixar de salientar, com muito agrado, a estreita e profícua colaboração que iniciámos este ano com a Nova Medical School da Universidade Nova de Lisboa, que, estando ali mesmo ao lado da nossa Delegação Sul, não se comunicava com esta, vivendo ambas inexplicavelmente de costas voltadas há longos anos”, exemplificou, citado pela Lusa. 
João Pinheiro disse que o alheamento entre as duas entidades, na capital, teve “várias consequências nefastas”, como o facto de “a cadeira de Medicina Legal ter sido paulatinamente reduzida a seis horas letivas anuais no atual plano de estudos do curso de Medicina” daquela escola. 
Este estabelecimento de ensino acolheu uma proposta de colaboração do INMLCF que permitiu criar no quinto ano médico uma cadeira de opção, designada Medicina Legal e Ciências Forenses, com 32 horas letivas, que arranca em fevereiro de 2016, será regida pela professora Cristina Mendonça, diretora da Delegação Sul do instituto, e incluirá aulas, assistência a autópsias e exames penais. 
Na sua opinião, “novos e auspiciosos trilhos de formação pré e pós-graduada e de investigação se abriram” entre as duas instituições, os seus professores e alunos. 
 “Assinámos com o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, do Porto, estão fechados os protocolos com a Universidade do Algarve e a Faculdade de Medicina de Lisboa e estamos em fase de negociação com a Faculdade de Medicina de Coimbra”, informou João Pinheiro. 
O INMLCF quer continuar “nesta direção para outras escolas e instituições”, planeando a abertura em Faro, em janeiro, de um curso de pós-graduação em Medicina Legal e Ciências Forenses, envolvendo as unidades de saúde da Universidade do Algarve. 
Também o presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal, Francisco Brízida Martins, destacou no seu discurso a importância de “fazer ponte com todos aqueles que de uma forma ou de outra interagem com a atividade” do organismo público que lidera. 
A conferência nacional, que decorre hoje e na sexta-feira, no auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra, permite ao INMLCF confirmar a sua condição de “parceiro privilegiado na administração da justiça”, promovendo “uma ampla partilha de saberes e experiências”.»


[cortesia de Nuno Soares da Silva]

"Universidades não querem perder o rasto aos ex-alunos e trabalham para isso"

«São olhados como embaixadores, um activo que não se copia, um valioso património. São os antigos alunos que as faculdades querem manter por perto e, por isso, desdobram-se em iniciativas, contactos. Alguns dos desafios desta relação são discutidos esta sexta-feira, no Porto.
Um curso não termina com um diploma na parede. As portas das universidades continuam abertas para os antigos alunos, esses embaixadores de excelência aqui ou pelo mundo. Por isso, trabalha-se, investe-se em portais, divulgam-se iniciativas, promovem-se conferências e encontros, olha-se para as plataformas digitais e redes sociais como aliados recursos. Na ligação das universidades aos ex-alunos há ideias para partilhar, experiências para contar, informações a dar. E há mais uma oportunidade na agenda. O 2.º Encontro Nacional de Redes de Antigos Estudantes acontece esta sexta-feira, na Biblioteca do Fundo Antigo da Reitoria da Universidade do Porto, e debruça-se sobre as estratégias comunicacionais e o impacto das redes digitais na interacção com os ex-alunos.
Durante o dia, a partir das 9h30, analisam-se formas de tirar proveito das páginas universitárias no Linkedin e fala-se em estratégias de comunicação no relacionamento com os alumni, plural de alumnus, alunos licenciados ou antigos alunos de uma universidade. Os dados estão lançados e há mudanças e desafios para debater até porque o potencial dos sites corporativos e portais institucionais já não chega. Os ex-alunos procuram informação, interacção e a possibilidade de criarem os seus próprios conteúdos. E, portanto, é preciso estar atento.
A Universidade do Porto pensa nesses temas, reconhece que os antigos estudantes são importantes e não se fica pela rama. Está atenta aos pormenores para não quebrar essa ligação que poderia acabar depois de passar diplomas. Tem um gabinete a funcionar desde 2006, que há cerca de um ano teve um novo impulso, uma base de dados com 90 mil registos que poderá chegar aos 120 mil dentro de um ou dois anos – e o Linkedin poderá ser uma boa ajuda –, uma revista bianual que no último número, em Agosto deste ano, conta o percurso do designer Eduardo Aires e entrevista o arquitecto Nuno Portas. Tem uma newsletter semanal que envia por email e benefícios que podem ser descontos em cursos, serviços na universidade ou em entidades parceiras. Tem um portal que funciona como ponto de encontro e que disponibiliza vários conteúdos para que o contacto com a alma mater não se quebre: apoio na empregabilidade, aconselhamento especializado na transição para o mundo do trabalho, informações para quem quer ser empreendedor, informações para prosseguir estudos, eventos para participar, como encontrar um colega, entre outras possibilidades.
Os antigos alunos também podem ser voluntários em actividades de mentoring, programas de divulgação e iniciativas de representação em Portugal e no mundo. Numa espécie de álbum de recordações, o portal mostra momentos importantes e disponibiliza uma galeria de “Alumni ilustres”, onde surgem nomes como Graça Morais, Siza Vieira, Souto Moura, Sobrinho Simões, João Botelho, Belmiro de Azevedo, Daniel Serrão, Nuno Grande, Jaime Cortesão, Júlio Resende, entre outros.
O passado não é para esquecer, o futuro está à porta. Ideias não faltam para os próximos tempos: um concurso de vídeos de um minuto que têm de terminar com a frase “Eu sou UPorto” em português, inglês, francês, ou em qualquer outra língua; um ciclo de encontros alumni a partir de Janeiro do próximo ano; mensagens para relembrar a cada antigo aluno a data em que acabou o curso; apostar numa política de antigos alunos quando são finalistas e não apenas quando se vão embora. E se criar uma rede de embaixadores alumni espalhados pelo mundo é um objectivo, já há encontros marcados e o próximo acontece a 27 de Novembro em Genebra, na Suíça, com alguns portugueses que estudaram na universidade.
Carlos Brito, pró-reitor da Universidade do Porto e responsável pelo Gabinete Alumni, admite que uma organização onde trabalham 5 mil pessoas, onde estudam 32 mil, que atrai cerca de 4 mil alunos estrangeiros por ano, que tem a “maior presença a nível nacional no Facebook” e é a universidade “europeia com maior presença no Instagram”, tem imensas responsabilidades. Os ex-alunos são uma delas. “Queremos que os nossos antigos alunos sintam que a universidade trata cada um de uma forma única e especial. Mais do que uma relação individual com os antigos alunos, é importante que sintam que fazem parte de uma tribo, de um clube, de uma comunidade de partilha”, refere. E essa ligação é importante de dois pontos de vista: estratégico e prático. “Os antigos alunos são o activo mais distintivo e mais difícil de copiar de qualquer universidade. Se tivermos dinheiro, fazemos uma nova universidade, um novo auditório. A única coisa que não podemos arranjar de um dia para o outro são os antigos alunos porque eles fazem parte da história. E fazer parte da história é um activo brutal para uma casa como uma universidade, é o activo que não se consegue copiar”, reforça. Em termos práticos, os antigos alunos são prescritores, podem ser financiadores, mecenas, opinion makers, gente que influencia. “Não se trata apenas de estreitar o relacionamento com cada um, mas fazer com que todos se sintam que pertencem a uma mesma tribo”.
Envolver é importante, aproximar é fundamental, acompanhar os tempos uma obrigação. Não se pode fechar o olho. “O valor acrescentado de um gabinete alumni hoje não é o mesmo que era há 10 anos, as pessoas têm de perceber que ganham alguma coisa”, refere. “Queremos que as pessoas sintam que podem contribuir, cocriar valor em conjunto connosco”. “Os antigos alunos são demasiado importantes para a sua gestão estar exclusivamente nas suas mãos, têm de estar nas mãos das universidades”, acrescenta Carlos Brito.
Não há apenas números das listas dos serviços administrativos académicos, há nomes. O Gabinete Alumni da Universidade do Porto funciona numa sala no quarto piso da reitoria. O compartimento é pequeno, tem estantes, uma mesa. Numa das secretárias está Maria Clara Martins, coordenadora do gabinete, que destaca a importância de manter a ligação entre os que ficam e os que saem, de alimentar o espírito de unidade, de pertença à universidade. Os antigos alunos são especiais.  “São um público-alvo é muito importante”, diz. Tanto assim é que, este ano, o trabalho começou antes de se passar diplomas. “Criámos uma relação com os alunos ainda antes de terminarem o curso. Vamos ao encontro deles, não estamos à espera que venham ter connosco”, refere. E o trabalho não dá tréguas. Gerir base de contactos, tratar da comunicação, dos emails, divulgar iniciativas. “É um trabalho contínuo e é um trabalho feito em equipa”.
Camilo Baptista, engenheiro químico, com diploma da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, veste “com muito orgulho” a camisola da instituição de ensino superior, de onde saiu em 1996. Esse orgulho salta à vista. Enquanto estudante, fez parte da tuna e do grupo de fados. Agora, sem estar lá dentro, faz questão de acompanhar o que se passa, seja através das notícias que vai lendo nos jornais, seja através de colegas que estão ligados a projectos de investigação da faculdade. Na altura da Queima das Fitas, tenta não faltar às iniciativas que acontecem no coliseu da Invicta. Recebe a revista da universidade, sente que a relação permanece. “Sentimos esse apoio e a universidade deve pugnar, cada vez mais, por desenvolver essa proximidade com quem esteve na instituição”, defende. “Os antigos alunos acabam por ser também veículos de divulgação e potenciadores de novos estudantes”, acrescenta. Camilo Baptista olha para a Universidade do Porto como “um motor da própria cidade”, graças a seu “dinamismo” que transparece em vários níveis. E também isso é motivo de orgulho.
Pedro Cadavez tirou o curso de Direito na Universidade do Porto. Entrou em 2008, terminou em 2012, seguiu para o mestrado na mesma área e na mesma faculdade, praticamente não chegou a pôr o pé fora da instituição. É, na verdade, um antigo aluno que regressou e que conhece de perto o trabalho feito no gabinete. Veste a camisola sempre que necessário, participa em várias iniciativas e percebe o peso que uma identidade académica pode ter. Fala em “sentimento de pertença” e numa segunda casa. “É importante haver um lugar para os antigos alunos - que, no limite, até podem financiar alguns projectos – ter um sítio onde voltar. Não é só a questão de tirar um curso, a educação é para toda a vida”, afirma.

“Uma ligação natural”
O GASP - Gabinete Alumni e Saídas Profissionais da Universidade do Algarve tem também vários projectos e uma base de dados que andará pelos 35 mil alumni. No próximo mês, antigos alunos prestam o seu testemunho e partilham experiências com os actuais estudantes da faculdade. No próximo ano, será organizada uma feira de emprego e os ex-alunos serão convidados a participar. A ideia de criar o Prémio Alumni, para distinguir antigos alunos que tenham reconhecido mérito em diferentes áreas, anda a ser pensada. O primeiro encontro dos alumni está marcado para Março do próximo ano. Ilda Pedro, coordenadora do GASP, que está sob alçada da vice-reitoria, revela que esse encontro de ex-alunos terá uma costela solidária. Pretende-se criar um fundo social para ajudar alguns alunos que estejam em dificuldades financeiras.
O GASP mantém todos informados, trata da divulgação de ofertas de emprego e propostas de formação, divulga workshops, tem um site com testemunhos de quem ali estudou, um espaço reservado a saídas profissionais para ajudar os diplomados na procura do primeiro emprego. E entretanto criou o cartão Alumni UALg que estende os benefícios protocolados com vários parceiros – ginásios, restaurantes, cabeleireiros, entre outros – aos ex-alunos que assim usufruem de descontos tal como os actuais estudantes.
A ligação também se faz através dos mentores alumni, antigos alunos que acompanham o percurso até cinco estudantes. “Um mentor alumni não é um explicador, não é um professor. Um mentor é uma referência, alguém que conhece a casa e que vai dando orientações”, esclarece Ilda Pedro. "Os antigos alunos são nossos parceiros, são os nossos melhores embaixadores, e esta ligação é natural”, garante a responsável. Continuam, de certa forma, a fazer parte da comunidade académica”. “É um activo que a universidade não deixa de ter”.
Hugo Brites, coordenador de Marketing do Zoo Marine, sabe o que isso é. Veste a camisola da Universidade do Algarve onde tirou o curso de Gestão. Essa camisola é quase uma segunda pele. Terminou a licenciatura em 2004, mas a relação mantém-se. Tem o cartão Alumni UALg, está inscrito para ser mentor. “A ligação nunca deixou de existir”, refere. Participa em actividades, em seminários que a universidade promove. E destaca essa ligação permanente e frutífera entre o meio académico e mundo empresarial, a realização de estágios, os assuntos abordados em vários encontros. “A universidade tem um espírito muito jovem e muito dinâmico”, garante.
A Universidade do Minho tem um gabinete dedicado aos antigos alunos que está atento a diversas necessidades para tentar dar resposta em várias áreas, desde a integração no mercado de trabalho, às ofertas de emprego, às formações extracurriculares, aos apoios a ideias de negócio. No portal, contam-se percursos acompanhados de fotos de quem ali estudou, partilham-se histórias de quem se formou, de quem está a dar cartas lá fora, divulgam-se eventos passados e futuros – e um deles contou com a vice-presidente da NASA. Há também uma newsletter trimestral com conteúdos específicos para os ex-alunos onde se integram projectos de investigação e empresariais. Tudo conta para manter essa ligação e o gabinete, que existe desde 2007 e foi redinamizado em 2014, tem uma base de contactos com cerca de 60 mil alunos que frequentaram a instituição. Luís Rodrigues, responsável pelo gabinete Alumni da Universidade do Minho, garante que os encontros dos antigos alunos são bastante participados – num deles contaram-se 600 pessoas. “Preservamos essa ligação, procuramos dar resposta às mais variadas expectativas”, realça, sublinhando que não há qualquer dúvida de que os ex-alunos da universidade são os principais embaixadores da organização e referências que atestam o sucesso da academia. Um dos objectivos do gabinete é precisamente reactivar laços com a universidade, com antigos colegas, com os atuais estudantes. “Não só a universidade se revê nos seus antigos alunos, como procura destacar todo o trabalho que têm desenvolvido”, realça.
Ana Francisco Monteiro faz parte da casa, ou seja, da Universidade do Minho. Licenciou-se, doutorou-se e agora tem uma bolsa de Gestão, Ciência e Tecnologia que lhe permite dar apoio na área de investigação. Tem o cartão de associação de antigos alunos, que lhe concede vários benefícios, mas não tem o hábito de participar nas iniciativas pensadas para os ex-alunos. Reconhece a importância de manter acesa a ligação entre quem parte e quem fica e realça o trabalho feito na aproximação ao mercado de trabalho. “A universidade sente alguma responsabilidade no futuro profissional dos alunos, dadas as dificuldades que existem”, constata.
No Instituto Superior Técnico (IST) o Projecto Alumni ganhou fôlego no centenário da instituição, a 23 de Maio de 2011. O dia aberto para antigos alunos foi o pontapé de saída e depois disso nunca mais se parou. Além de um portal, com várias informações e onde se pretende reestabelecer contactos, os ex-alunos, uma vez por semestre, são convidados a tomar o pequeno-almoço com os actuais estudantes para trocar impressões e podem ainda participar no Pitch Bootcamp@Técnico para dar conselhos de carreira. Há ainda jantares e encontros em que antigos colegas fazem questão de partilhar experiências – António Guterres e Carlos Moedas, por exemplo, já ali estiveram como ex-alunos.
E não é tudo. O Projecto Alumni disponibiliza recursos humanos para organizar aniversários de cursos e para fazer visitas guiadas no sentido de dar a conhecer o que é hoje o Técnico. Na base de dados, estão cerca de 35 mil antigos alunos, mas querem-se mais e as plataformas digitais podem dar uma grande ajuda. “Não faz sentido uma escola sem antigos alunos, eles são os donos da casa, quem faz a escola”, comenta Luís Caldas de Oliveira, que está por dentro do Projecto Alumni do IST e que é vice-presidente de uma associação de antigos alunos que tem um fundo solidário para apoiar alunos que não conseguem pagar propinas.»

(reprodução de notícia PÚBLICO online, de 30/10/2015)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Notícias do ILCH: "A submissão do PDEA à A3ES ficou a um clique de distância"

«Caros membros do Conselho Científico e do Conselho Pedagógico do Instituto de Letras e Ciências Humanas

Ilustres colegas,
Tomo a liberdade de vos enviar esta mensagem ao arrepio de advertências de avisados amigos para que não o fizesse, por prenunciarem que venha a ser alvo de futuros actos de revanche. Dado o que se vem passando na nossa Escola nos últimos trinta meses, reconheço que têm fundadas razões para acreditar nisso. Não me demovi, todavia. Quem dedica a sua vida à Academia, é minha convicção, tem o dever de estar preparado e resistir a essas cominações sempre latentes. Faço-o, pois, por imperativo moral!
Serve ela para vos transmitir o meu profundo lamento e completa indignação pelo desfecho recentemente tido pelo projecto do Departamento de Filosofia de criação de um Programa de Doutoramento em Ética Aplicada (PDEA), que tive a oportunidade de coordenar. Como esta notícia logo terá levado asas, presumo que seja já do conhecimento de todos que o PDEA ficou a um clique de dar entrada na Agência A3ES e iniciar o respectivo processo de acreditação junto da mesma.
Sim, é isso mesmo que estão a ler: vinte meses após ter sido iniciado, a omissão de um simples clique determinou o seu fracasso. Que aconteceu, perguntarão? Pensando agora, é impossível não estranhar, desde logo, a anormal delonga de um processo desta natureza. Como foi isso possível?
Após quatro meses de discussão e aprovação do projecto dentro do Departamento de Filosofia, submeti-o a 26 de Março de 2014 à Presidente do ILCH. Foi agendada a sua apreciação pelo Conselho Pedagógico na reunião do mesmo ocorrida a 18 de Março de 2015, quase um ano depois, portanto. Um ano! Não sem que, logo em Abril de 2014, a Presidente do Conselho Pedagógico me tivesse enviado um bizarro pedido de esclarecimento na forma de uma lista de perguntas onde, entre outras demandas, se requeriam estudos de mercado e indicação de patrocinadores do PDEA. Solicitei, prontamente, que nos fossem disponibilizados estudos e nomes de patrocinadores de projectos homólogos a tomarmos em referência para a instrução do nosso. Continuo à espera do seu envio.
Seguiu-se a sua apresentação no Conselho Científico do ILCH em meados de Maio de 2015, depois de mais uma luta para conseguir que entrasse na ordem de trabalhos de uma qualquer reunião sua (e tantas têm existido, como sabem melhor que eu!). Dessa feita, novos obstáculos advieram de quem já esperávamos e revestiu a forma de mais inusuais exigências: era imperioso que o PDEA envolvesse a participação de várias escolas da UM (as mesmas que não nos incluem em qualquer dos seus programas de doutoramento ou que, quando eles ficam moribundos, nos atiram a migalha de um módulo que faz alguns salivar de contentamento), de outras universidades, de protocolos Erasmus, etc. Mais uma vez procurei inspiração nos programas já existentes, saber com quem se tinham associado e como o tinham feito. Mas nada encontrei. Percebi que iríamos ter o privilégio de ser os primeiros. Fizemos o que nos pediram em tempo recorde: obtivemos a colaboração da Escola de Ciências da Saúde, da Escola de Direito, do Presidente da Comissão de Ética, tudo da nossa universidade, assim como de reputados especialistas da universidades de Santiago de Compostela, de Vigo e do Instituto de Filosofia do Consejo Superior de Investigaciones Cientificas (Madrid), sem esquecer a extensão de um protocolo Erasmus com a Universidade de Santiago de Compostela. Perante isso, não nos surpreendeu que, em reunião do Conselho Científico de 17 Junho de 2015, os colegas tivessem aprovado por unanimidade o projecto – tal como, aliás, já havia ocorrido no Conselho Pedagógico.
A 8 de Julho de 2015, eu e o Doutor João Rosas, respondemos a todas as questões que nos foram colocadas na Comissão Pedagógica do senado Académico da UM, a maior parte delas pela voz do Vice-reitor Rui Vieira de Castro, que conduziram à aprovação novamente por unanimidade do projecto.
Há pouco mais de um mês, no dia 24 de Setembro, voltaram os sinais de que novas dificuldades iriam ser colocadas. Ao contrário do que sempre tem ocorrido, a Presidente do Conselho Pedagógico indicou ao Vice-reitor Rui Vieira de Castro como pessoa encarregue do processo (PEP) de inserção dos dados do PDEA na plataforma da A3ES a Presidente do ILCH. Seguiram-se cinco dias de diligências para conseguir ficar como PEP. Após mais esse tortuoso processo, tudo teve que ser rapidamente feito até ao dia 10 de Outubro, data limite para que os serviços da reitoria procedessem à análise da sua conformidade com todos os requisitos da A3ES. Imaginam, por certo, a dificuldade do empreendimento, continuando a dar 16 horas de aulas semanais, a 3 licenciaturas, 2 mestrados e 1 doutoramento, em português e inglês, num conjunto de sete diferentes unidades curriculares, para além de uma série de outras obrigações académicas que mantenho e que me dispensarei de elencar. E, no entanto, foi conseguido; no dia 10 o processo passou para as mãos dos serviços da reitoria.
Faltavam, então, cinco dias para que o Vice-reitor Rui Vieira de Castro validasse na plataforma o dossiê constituído e o mesmo ficasse submetido para acreditação na A3ES. Apenas tinha que fazer um clique no botão electrónico “submeter” e pronto. Nunca o chegou a fazer.
No dia 13 de Outubro perguntou à presidente do ILCH se estavam reunidas todas as condições para que o PDEA pudesse funcionar. A questão foi colocada, note-se, depois do projecto ter sido aprovado por unanimidade em todas as instâncias internas e de no próprio Senado Académico eu próprio e o doutor João Rosas, numa sala onde se encontrava a Presidente do Conselho Pedagógico, termos respondido afirmativamente a essa mesma questão que nos foi dirigida pelo mesmo Vice-reitor. A resposta da Presidente do ILCH foi, espantosamente, a de que não sabia e que deixava nas mãos do Vice-reitor Rui Vieira de Castro a decisão. Inquirida pelo Director do Departamento de Filosofia sobre o que seria ainda possível fazer para alterar as coisas, deu a não menos espantosa resposta de que ele teria de redigir um parecer em que o Departamento de Filosofia declarava estar em condições de assegurar todo o serviço lectivo em 2016-17 com os 8 docentes de carreira que actualmente tem. O professor Manuel Gama enviou esse parecer nesse mesmo dia 13. Mas não estava bem, soube-o no dia seguinte. Tinha que ser outro, mais claro. Outro, então, redigiu no dia 14. Mas também ainda não era aquilo. Precisava de um terceiro mais assertivo. Recebeu-o no dia 15. Porém, como adivinharam, também não bastava. E no dia 16 de Outubro, já expirado o prazo de submissão final à A3ES, ficou o professor Manuel Gama a saber que tinha de elaborar um quarto parecer ainda mais assertórico – ditado, imagine-se, pela própria presidente do ILCH! – sem que, todavia, se pudesse nesse momento presumir que ainda iria chegar atempadamente à reitoria. Obviamente, tal nunca chegou a acontecer. A palavra de um director de departamento, de um Professor Catedrático, de alguém que presidiu à nossa escola entre 1995 e 2001, de uma pessoa de total probidade por todos reconhecida, não tinha sido suficiente. 
Foi-nos dito de viva voz pelo Vice-reitor Rui Vieira de Castro uns dias depois que não pôde submeter a candidatura à A3ES porque a Presidente do ILCH não lhe deu as devidas garantias em tempo útil de que havia recursos humanos suficientes para a sua leccionação e que, já depois disso, tinha feito uma última diligência junto do presidente da agência para que ainda pudesse fazê-lo. Ficámos a saber oficialmente no dia 22 de Outubro que não tinha sido bem sucedido nesse seu propósito. Acrescentou, porém, que não desanimássemos, pois poderíamos voltar a submetê-lo no próximo ano. Deixo a cada um dos colegas ajuizar do alcance destas últimas palavras.
Perdoem-me esta longuíssima descrição deste assunto, mas, como compreenderão, é apenas um resumo do que se passou durante quase dois anos, deixando de fora detalhes que neste momento são inconfessáveis.
É evidente que voltaremos a submeter o projecto já no próximo ano. Foi reconhecido em todas as instâncias ser um excelente projecto de doutoramento. É um excelente projecto de doutoramento!
Mas o que queria trazer à vossa atenção é o seguinte. Como pôde isto acontecer? Como pôde uma pessoa determinar sozinha o desfecho deste assunto, sobrepondo-se ao deliberado por um Departamento, um Conselho Pedagógico, um Conselho Científico e um Senado Académico de uma universidade? Se as coisas se podem passar assim, então, no futuro, porque não suprimir todas essas etapas e passar a submeter a sorte de um projecto de ensino, deste, de qualquer outro, ou até do que quer que seja, directamente ao arbítrio, ao capricho, à inclinação momentânea de quem, na embriaguez do mando, tudo pretende decidir numa escola universitária.
Como pode o empenho prolongado de tantas pessoas, a começar em mim próprio, o tempo e a energia que devotaram a desenvolver este projecto, ser tão olimpicamente desmerecido, menoscabado, desrespeitado?
Como tive a oportunidade de o expressar, em mensagem que, faz dias, igualmente senti necessidade de enviar ao Conselho do Departamento de que me muito me orgulho de pertencer, não consigo impedir-me de me interrogar se não estive todo este tempo cativo de uma incrível ingenuidade e se alguma vez houve séria intenção de deixar chegar este projecto a bom porto.
O que mais aflige neste assunto, contudo, é que após o seu provocado aborto o ILCH deixa de poder contar com um projecto de inegável relevância para a valorização da sua imagem externa (que tão deprimida se encontra e todos sabem do que estou a falar!), mata um projecto atraente e ímpar no panorama nacional (e ibérico), que, vamos vê-lo rapidamente, será aproveitado por outra instituição de ensino superior concorrente, enjeita a oportunidade de cooperar no esforço definido pelo Reitor de dar visibilidade a este área, desiste de procurar captar mais alunos (sobretudo de excelência), que tanto precisa de ter, abdica de aumentar as suas receitas próprias, completamente depauperadas como vamos conhecendo a cada dia que passa (no pior dos cenários prescinde-se de mais de 10.000 euros anuais e no melhor deles uns 30.000), atira borda fora a colaboração (que jurava indispensável há tão pouco tempo) com outras UOEI da UM (ultrajando, de caminho, quem, como a Profª Cecília Leão, Presidente da Escola de Ciências da Saúde, a Profª Clara Calheiros, Presidente da Escola de Direito e o Prof. Licínio Chainho Pereira, Presidente de Comissão de Ética, disponibilizaram parte do seu precioso tempo para organizar toda a informação necessária para formalizar a sua associação ao projecto), dispensa um contributo para o seu esforço de internacionalização (causando a desconfiança em quem, como a Profª Maria Xosé Agra, da Universidade de Santiago de Compostela, o Prof. David Álvarez Garcia, da Universidade de Vigo e o Prof. Juan Velasco do Instituto de Filosofia-CSIC (Madrid), de modo gracioso e entusiasmado acederam a colaborar com este projecto). Em suma, enjeitou, com laivos de leviandade, tudo o que se apregoa ser necessário para o seu desenvolvimento ou até sobrevivência. Não terá havido aqui um tiro no pé? Faz isto algum sentido?
Acontece, porém, que, infelizmente, este não é um episódio isolado na história recente do ILCH, fazendo fé no que se tem verificado, desde meados de 2013, mês após mês, semana após semana e, mais recentemente, a um ritmo quase diário. O número de idênticos incidentes conflituosos não parou de aumentar desde então. São do conhecimento de todos. Em resultado, o esmorecimento parece ter vindo a imparavelmente atingir mais e mais colegas e funcionários, a perturbação parece ter-se tomado a normalidade dos departamentos, a paz ausentou-se do ILCH não se sabe até quando.
Oiço que toda esta aperreação pode estar a alguns meses de terminar… ou talvez não! Será sempre demasiado tempo. Resta-me, pois, esperar que, por intercessão divina ou milagre natural uma centelha entre no espírito de quem preside aos destinos desta Escola e lhe revele não ter mais as exigíveis condições para prosseguir com tão exigentes funções. 
Com as melhores saudações académicas,

João Ribeiro Mendes»


(reprodução de  mensagem  que mão-amiga nos fez entretanto chegar, da autoria do professor  identificado, distribuída  por aquele a 27 de outubro a uma lista alargada de membros do ILCH, conforme  identificado no topo da mensagem,  com conhecimento ao vice-reitor do pelouro)

"AAUM: UMAS IMPORTANTES ELEIÇÕES À PORTA!"

«Antes do fim de cada ano civil e ainda no decurso do  primeiro trimestre do ano letivo, a academia da Universidade do Minho  (UM)  vive um momento importante que passa despercebido a muitos. Trata-se da eleição dos órgãos da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM)  e, assim, nomeadamente da eleição da direção e do seu presidente.
Não é coisa pouca e muito menos algo de interesse limitado aos estudantes. Na verdade, a  AAUM,  que é uma entidade representativa dos estudantes,  tem por finalidade não só  “organizar, defender  e representar todos os estudantes” como “defender intransigentemente uma universidade democrática" ; promover a “formação cívica, física, cultural e científica dos estudantes”; e “criar atividades que incentivem  as relações humanas e comunitárias” (artigo 5.º dos estatutos da AAUM).
A Universidade do Minho, por sua vez, nos seus estatutos, não só reconhece a associação académica como a promove e  lhe confere diversas competências, nomeadamente através do seu presidente  (artigos  51, al. c), 57.º, 61.º e 115.º dos estatutos da UM).
Para se fazer uma ideia do que é esta associação , que tem sede (provisória) na Rua D. Pedro V, n.º 88,  em Braga e delegação no Campus de Azurém em Guimarães,  importa ter presente que ela representa os 19.000 alunos da Universidade do Minho, gere um  orçamento anual de cerca de 5.000.000 (cinco milhões de euros) e tem mais de 20 trabalhadores ao seu serviço. A AAUM tem  uma rádio ( a RUM – Rádio Universitária do Minho) e um jornal semanal  que é o seu órgão oficial (Jornal Académico). Para desenvolver as suas atividades  dispõe de um autocarro, de uma carrinha e de um automóvel.
Todos os alunos da UM participam nas eleições como eleitores, pois, pelo facto de estarem inscritos na UM, são sócios por inerência da AAUM. No entanto, apenas  os sócios que pagam quotas (uma quota simbólica) podem ser eleitos (cerca de 10.000). Estas eleições costumam ser pouco participadas mas não deviam. A AAUM tem uma influência na Universidade que transcende até os seus estatutos e por isso não devem ser encaradas como coisa menor.
E participar na vida associativa não perturba o estudo, perguntar-se-á? Pode perturbar. Mas, levada a sério, a AAUM  é  uma escola de preparação para a vida e mesmo de organização pessoal dentro na universidade, pois um bom aluno saberá conjugar a vida de estudo com a vida associativa. Não se pode esquecer que foram presidentes de associações académicas brilhantes  personalidades. Temos, em Braga,  o exemplo de Francisco Salgado Zenha que foi um excelente aluno e  presidente da Associação Académica de Coimbra.
A academia e o meio envolvente têm os olhos colocados nos estudantes e estas eleições devem ser atentamente seguidas, desejando-se uma boa disputa eleitoral  para saber o que pensam os estudantes da  UM e o que pretendem fazem por ela no âmbito  indicado pelos seus estatutos.

António Cândido de Oliveira

Nota – Neste tempo efervescente não nos zanguemos por causa da política. Trabalhemos todos por uma boa solução para o país, seja em que campo for, tendo presente que um princípio básico da democracia é o respeito pelo outro que pensa diferente de nós.»  

(reprodução de artigo de opinião publicado na edição de hoje do Diário do Minho)

"A guerra das calças"

Vale a pena ler o texto abaixo para recordarmos/ficarmos a conhecer a mentalidade de então. 

À porta da Faculdade de Letras de Lisboa....


(cortesia de Nuno Soares da Silva)

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

"Quando se ´lambem as botas` aos praxantes, isso torna os praxados em súbditos e não em colegas"

Praxes de novo 

(título de mensagem, datada de domingo, 25 de outubro de 2015, disponível em O Campus e a Cidade

"Nova ministra defendeu ´governação de zelo` nas universidades em resposta aos cortes"

«Estudo desenvolvido por Margarida Mano concluía em 2013 serem necessários mecanismos de controlo de custos para as universidades e a criação de incentivos à fixação de população no interior.

A nova ministra indicada esta terça-feira para a pasta da Educação e Ciência, Margarida Mano, defendeu nos últimos anos que as limitações orçamentais a que o sector educativo tem estado sujeito punham em causa a resposta às exigências da União Europeia e obrigavam a uma "governação de zelo" dentro das instituições de ensino superior.
"O ensino superior foi fortemente atingido pelos cortes contidos no Orçamento do Estado para 2013. Estas exigências acarretam custos que, tendo em conta o cenário económico, as IES [instituições de ensino superior] portuguesas não estão preparadas para suportar", refere um estudo conjunto, preparado pela nova ministra com Joana Hingá e intitulado "Ensino Superior Português - Desafios à Governação".
No documento, acessível na internet, a agora nova titular reconhecia que as limitações orçamentais das instituições faziam com que a receita atribuída não fosse "suficiente para cobrir os custos com despesas com pessoal", o que obrigava a uma "governação de zelo":
"São, por isso, fulcrais mecanismos como o controlo de gastos, auditorias, planeamento estratégico e prestação de contas", refere o mesmo estudo, que dava conta da escassez de financiamento de forma a reforçar os fundos para investigação e desenvolvimento necessários para dar resposta às metas da Europa 2020.
No documento de 14 páginas, a nova ministra defendia também a maior integração das instituições de ensino com a região em que estão inseridas, nomeadamente criando incentivos à fixação de população:
"O que se verifica ao nível da desertificação do interior do país poderia ser atenuado, por exemplo, através da criação de sistemas de incentivo e de atracção de novos moradores, através de programas de formação e sistemas de benefícios para novos habitantes, construídos em conjunto com IES e municípios".
Margarida Mano alertava ainda para a coexistência de cursos iguais ou semelhantes na mesma região e o excesso, referindo que a racionalização passaria por "mecanismos de cooperação/colaboração" entre as instituições:
"A repetição e sobreposição de cursos pode, em último caso, colocar em causa a qualidade da formação ministrada, devendo para isso ser criados mecanismos de prevenção da multiplicação e devendo haver uma adaptação à procura, por forma a racionalizar um serviço que é público", conclui o estudo apresentado no âmbito da Conferência do Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa.
A nova ministra da Educação e Ciência, Margarida Mano, tem publicados vários trabalhos na área da gestão de instituições universitárias e politécnicos, sendo co-autora do livro "Modelos de Gestão e Governação no Ensino Superior" e de estudos como "Novos modelos de governo na universidade pública em Portugal e competitividade.»

(reprodução de notícia ECONÓMICO online, de 27 de outubro de 2015)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

terça-feira, 27 de outubro de 2015

"Conheça a titular do ministério da Educação e Ciência do novo Governo"

«Prof. Doutora Margarida Isabel Mano Tavares Simões Lopes Marques de Almeida – Ministra da Educação e Ciência

Informação curricular:
Margarida Mano é Doutorada em Gestão pela Universidade de Southampton e Professora Auxiliar da Faculdade de Economia, onde exerce funções docentes desde 1986.
Das áreas de interesse científico destacam-se Gestão Estratégica, Qualidade na Administração Pública e Modelos de Governação na Educação, participando nestas áreas como especialista em diversos projetos internacionais. A nível profissional é ainda de referir a experiência no setor privado, com colaborações e consultadoria em diversos organismos e o desempenho de funções de direção na banca, bem como na gestão universitária, enquanto Administradora e Pró-Reitora da Universidade de Coimbra.»

(reprodução de notícia TVI24, de 27 de Outubro de 2015 )

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

"O instituto público que se viciou no negócio"

«O INESC Tec comemora 30 anos com muitos balanços sobre a ciência, a tecnologia e, principalmente, o apoio que deu à modernização da economia. Desde fibras ópticas até às smart grids e ao calçado, o INESC Tec tornou-se um caso de estudo em Portugal sobre a ligação entre ciência e empresas.

Na sede do INESC Tec no Porto há dezenas de corredores onde ficam os gabinetes assinalados com o nome de investigadores, há salas abertas onde centenas de jovens se dedicam à programação em frente de computadores, há espaços para lazer e para refeições e, não fosse a falta de salas de aulas, não era difícil confundi-la com uma universidade. Só quando se quer descer ao andar abaixo do piso térreo para visitar o laboratório de energia é que se percebe que há ali algo de diferente. Para se chegar à sala onde Luís Seco e uma equipa de dez investigadores trabalham é preciso um código de acesso para introduzir no elevador. O que ali se faz, entre computadores com imagens em permanente animação, contadores electrónicos e máquinas com redes intrincadas de fios não está disponível ao olhar de todos. Ali estudam-se soluções de futuro para as “redes inteligentes” (smart grids) de electricidade e uma descoberta, uma patente ou um protótipo pode valer muito dinheiro.
O Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores – Tecnologia e Ciência, que comemora por estes dias 30 anos de existência, é muitas vezes considerado como um dos melhores exemplos da boa articulação que se faz em Portugal entre a produção de ciência e a sua transferência para as empresas. Essa articulação esteve na base da sua fundação, em 1985, através da instalação no Porto de uma sucursal do INESC nacional (em Lisboa), no qual as universidades repartiam com os CTT e os TLP as estratégias e os encargos de promover a qualificação da ciência e da economia nacional. Mas se há 30 anos o instituto do Porto valia uns 20% da rede nacional do INESC (que se instalou também em Braga, Aveiro e Coimbra), “hoje deve representar talvez uns 60%”, nota Pedro Guedes de Oliveira, um académico que presidiu ao instituto do Porto entre 1995 e 2005.
Explicar esse percurso que transformou uma pequena unidade de investigação no potencial da fibra óptica para o futuro das telecomunicações num gigante que factura 14 milhões de euros e que mobiliza 650 investigadores, dos quais 250 doutorados, implica uma pergunta: o que tem o INESC do Porto, agora INESC Tec, de especial? José Manuel Mendonça, o actual presidente, considera três razões: a primeira é o foco do trabalho, “que obriga a que toda a investigação esteja orientada para ter impacte económico e social”; o segundo relaciona-se na forma como o INESC Tec gere o fluxo do conhecimento, desde a investigação até à sua aplicação em soluções capazes de ter interesse para as empresas ou para a sociedade; finalmente, a capacidade de pôr a trabalhar em áreas industriais de ponta não apenas engenheiros ou físicos, mas também “designers” ou músicos e de ter capacidade de se articular com outras instituições – esta segunda-feira haverá um concerto na Casa da Música organizado pelo instituto no qual os smartphones do público vão ser usados como instrumentos.
Os números são expressivos. Entre 2011 e 2014 os artigos publicados pelos investigadores do INESC cresceram mais de 50% – foram quase 350 nesse ano. Há mais de 30 patentes registadas em nome do instituto. No ano passado mais de 150 quadros altamente qualificados, dos quais 21 doutorados, saíram das suas instalações para o tecido económico: “Os nossos investigadores não têm problemas com o desemprego”, diz Pedro Guedes de Oliveira.
Nos últimos 13 anos nasceram nos seus laboratórios 12 empresas que depois vieram a autonomizar-se (o chamado spin-off), entre as quais a FiberSensing, que acabaria por ser comprada pela multinacional alemã HBM. Mas talvez ainda mais importante do que as estatísticas pode ser o impacte que o conhecimento produzido e transferido do INESC teve em empresas como a Efacec ou em indústrias como o calçado, cuja logística industrial é geralmente considerada como uma das mais avançadas do mundo.
Para se chegar aqui há, no entanto, de notar uma vantagem acumulada logo nos primórdios do INESC no Porto. Após a sua criação, foi possível construir e equipar uma base de investigação que na altura estava muito à frente da que existia no mundo académico nacional. Pimenta Alves tinha acabado de se doutorar em Manchester (em 1982) e, até que as empresas públicas de telecomunicações investissem 250 mil contos no projecto, recorda-se de “não haver computadores nas universidades” e de sentir um clima de “penúria total” que impedia os recém-doutorados de prosseguir as suas investigações. O INESC do Porto, que pertencia metade/metade à universidade e às duas empresas públicas CTT e TLP, foi a abertura de uma porta para essa geração de jovens doutorados no estrangeiro que se acolhia sob a égide de um guru: Manuel Ferreira de Oliveira, que até Abril deste ano foi presidente da Galp. “Somos todos ‘filhos’ dele”, reconhece Pedro Guedes de Oliveira.

O caminho das empresas
Inicialmente, a tarefa dessa geração dirigiu-se para o conhecimento do potencial da fibra óptica para levar voz, dados e imagem a casa de todos. O projecto SIFO avançou, “mas estava muito à frente do seu tempo”, lembra Pimenta Alves, que integrou a primeira das três direcções do INESC nestes 30 anos. Não chegaria à fase do protótipo (as empresas foram privatizadas, as fronteiras abriram-se e novas tecnologias impuseram-se), mas a equipa de investigação que o realizou ficou a par do estado da arte em electrónica que se fazia no Laboratório Europeu de Física de partículas (CERN, em Genebra) e em algumas universidades europeias. Nomes como José António Salcedo, Manuel Barros ou António Pereira Leite fazem parte dessa primeira vaga de investigadores que depois deixariam marca em empresas ou na academia.
Como as empresas que financiavam o projecto não exigiam exclusividade, a equipa começou a apostar em outras áreas. Uma delas, nas quais Pimenta Alves se destacou, foi o vídeo digital. Em 1999 o INESC foi escolhido pela BBC para montar o seu novo estúdio digital na sede, em Londres. O softwareutilizado para a sua gestão, o Orbit, foi integralmente produzido no Porto. A aventura “aconteceu antes do tempo”, nota Pimenta Alves. “Na altura, não prosseguiu, mas a ideia do estúdio digital está de volta”, nota. Entretanto, as sementes do projecto ficaram. Hoje “há umas 60 ou 70 pessoas a trabalhar no Porto para o mercado internacional do broadcasting através de redes de computadores”, diz Pimenta Alves. Fazem-no através de empresas como a MOG, a Glookast ou a Mediagaps.
Borges Gouveia, um engenheiro de sistemas de computadores que ajudou a fundar o INESC Porto e se tornou presidente do INESC nacional entre 1985 e 1991, queria mais. “Queria que entrássemos em outras áreas”, lembra Pimenta Alves. Como a energia. Ou as indústrias tradicionais. Mas tanta ambição não batia certo com as permanentes queixas de falta de autonomia do Porto em relação a Lisboa. O mal-estar torna-se um problema que seria resolvido em 1995, quando o INESC nacional reduz a sua participação no instituto do Porto para uma posição minoritária. É nessa altura que Pedro Guedes de Oliveira sai da Universidade de Aveiro para se tornar presidente do novo instituto.
É sob a sua égide que “começa a estudar o que se podia fazer com a indústria tradicional” do Norte que, na época, sob os auspícios dos fundos europeus, estava a receber vultuosos investimentos na modernização. José Carlos Caldeira, actual presidente da Agência de Inovação, será o motor desta aproximação. E o calçado, onde o INESC encontrou um espírito de abertura maior, tornou-se o maior foco dessa estratégia.
No prazo de uma década, a cumplicidade entre o INESC e o sector criou condições não apenas para a criação de uma nova tecnologia para corte de peles com jactos de água (tecnologia que é exportada através da empresa CEI), como levou à produção de sistemas de gestão avançados da cadeia industrial que são hoje um dos principais trunfos do sector. Empresas como a Kyaia, que tem um contrato de longa duração com o INESC, podem hoje introduzir na linha de produção um único par de sapatos diferente sem que tenham de parar as máquinas – um ganho de flexibilidade enorme.
Entre a criação de programas de gestão inteligente das redes eléctricas ou a construção de um submarino robô para a exploração do mar em grandes profundidades (em parceria com o Instituto Superior de Engenharia do Porto), entre investigação para a EDP ou o desenvolvimento de uma tecnologia que capta imagens em tanques de aquacultura para determinar o número e o estado de desenvolvimento dos peixes, o INESC foi crescendo, mas sofreu os apertos da crise entre 2010 e 2013. Agora, pensa novamente num novo salto. As suas receitas dependem num terço do orçamento do Estado (e dos fundos estruturais); outro terço vem de programas europeus e a parte que falta resulta de contratos com empresas. O caminho passa por aqui.
Uma das suas maiores fontes de confiança está na mudança que os seus responsáveis e mentores dizem estar a acontecer nas empresas portuguesas, que começam a deixar de olhar com suspeição para os “doutores” das universidades. “Há uns anos éramos génios num país de ‘grunhos’. Isso desapareceu”, diz, com um sorriso, Pedro Guedes de Oliveira.
Sem deixar de ser um centro de saber e de investigação, o INESC Tec (agora com esta designação porque agrega unidades das universidades do Minho e de Trás-os-Montes) segue uma preocupação: “Trabalhar com mais empresas”, diz José Manuel Mendonça, que após dez anos começa a pensar na sua sucessão no instituto que no seu mandado conheceu um enorme desenvolvimento. Ou seja, cumprir a sua missão. Porque para Mendonça, que trabalhou na indústria em vários países europeus, para Guedes de Oliveira ou para Pimenta Alves, os engenheiros são gente que gosta de pôr as máquinas a andar.»

(reprodução de notícia Público online, de 26/10/2015)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

"Subfinanciamento das Universidades ronda os 20%"

«O presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) sublinha que "é preciso corrigir as assimetrias" existentes no financiamento das diferentes Universidades.

Em entrevista ao Jornal de Notícias, o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas afirma que "num contexto de competitividade internacional com que estão confrontadas, como Universidades precisam de fazer um planeamento sério dos seus investimentos".
António Cunha defende ainda que uma "distribuição de verbas entre as várias Instituições devia ser feita de base numa mais transparente, mais clara, conhecendo exatamente quais os critérios utilizados".
Não querendo com isto dizer que os critérios não são conhecidos, o presidente do CRUP explica que as "verbas que as Universidades hoje recebem estão indexadas ao número de estudantes que tinham em 2005/2006".
"Se vir o trabalho do Governo cessante sobre o Financiamento do Ensino Superior, evidencia totalmente as distorções que o sistema hoje tem, com algumas Instituições a terem valores dos 20% a menos, ao contrário de outras", explica.
António Cunha defende a necessidade de corrigir as tais assimetrias, mas assume que "São praticamente impossíveis de corrigir neste contexto de subfinanciamento". Subfinanciamento este que atinge "níveis de 20%".
Quanto ao modelo de correção destas diferenças aplicado por, o presidente do CRUP explica que este "Funciona e prevê um rectificação dessas assimetrias num espaço de quatro anos, com um aumento gradual de financiamento do sistema".
"Mas gostaríamos que fosse mais Rápido,que fosse mais efetivo", concluiu.»

(reprodução de notícia Notícias ao Minuto, de 26 de outubro de 2015)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

domingo, 25 de outubro de 2015

"Entre 2006 e 2011 foi presidente da Comissão Instaladora do IPCA"

Notícia Correio do Minho 
João Carvalho toma posse como presidente do IPCA para o segundo mandato:
http://www.correiodominho.pt/noticias.php?id=90174

sábado, 24 de outubro de 2015

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Praxe: quando a UMinho é invocada nos jornais por más razões

«Boa tarde
Numa notícia do Público sobre a apresentação de um novo livro sobre a Praxe, o "código de praxe da Universidade do Minho, de 2011" é referido como exemplo da pressão que é feita sobre os alunos do primeiro ano para participarem na mesma.
(PÁGINA 2)

Saudações cordiais

Carlos Alves
DCT/ECUM»

(reprodução de mensagem, com origem no colega identificado e distribuída universalmente na rede eletrónica da UMinho, que nos caiu entretanto na caixa de correio eletrónico)

"Pela ciência, urge mudar a cultura das instituições"

«É a nível institucional que urge ser competitivo. Um(a) investigador(a) sozinho pode fazer muito, mas para um desafio desta dimensão, não chega.

Ainda que partindo de realidades diferentes, universidades e centros de investigação um pouco por todo o continente europeu estão a fazer um esforço de organização para se posicionarem de forma mais competitiva no mundo da investigação. Em particular, estas instituições têm vindo a demonstrar uma preocupação crescente com a ligação da investigação à sociedade, que se reflete na criação de estruturas que facilitam a própria investigação e a projeção dos resultados científicos para o exterior do mundo académico. Esta aposta acontece sobretudo nas áreas do financiamento e da comunicação de ciência, a fim de fazer face à alta competitividade dos financiamentos europeus e políticas de envolvimento público na investigação. Acontece ainda na área da transferência de tecnologia com o intuito de conseguir que a investigação gere tecnologias, processos, serviços e produtos comercializáveis.
Não é de admirar. As crescentes pressões a que investigadores e instituições científicas estão sujeitos não permitem mais fazer investigação alheada das pessoas, quer sejam contribuintes quer sejam cidadãos que de alguma forma usufruirão dos resultados da investigação: doentes, famílias, empresários, trabalhadores, consumidores, ecologistas, ativistas, políticos. Isto exige à comunidade científica a capacidade de prestação de contas à sociedade implicando mesmo, em muitos casos, a capacidade de envolver os interessados no próprio processo da investigação, desde a conceção do problema à produção dos resultados.
De igual forma, não é possível fazer ciência alheado do próprio sistema científico. Ignorar, por exemplo, o programa europeu de financiamento Horizonte 2020 e toda a sua complexidade, ou ainda as estratégias de especialização inteligente do país ou região, pode significar verdadeiramente “a morte do artista”, ou seja, a impossibilidade de fazer investigação em certas áreas por falta de rede, reconhecimento ou fundos.
O problema está em que, tal como defendem os mais puristas, estas atividades de facilitação da investigação são “extras” à atividade científica. Contudo, estes “extras” requerem conhecimento específico e capacidade técnica não negligenciáveis, o que coloca as instituições de investigação na berlinda, pois é a nível institucional que urge ser competitivo. Um(a) investigador(a) sozinho pode fazer muito, mas para um desafio desta dimensão, não chega. 
Como mostra um estudo recente sobre a comunicação das instituições de Investigação e Desenvolvimento (I&D) em Portugal (Entradas, 2015), há uma incongruência entre esta necessidade (e vontade) de as instituições se tornarem competitivas e os recursos (humanos, estratégicos, capacidade intrínseca) de que dispõem ou planeiam vir a dispor num futuro próximo para facilitar a ligação da investigação à sociedade.
Com efeito, analisando as estruturas de comunicação científica existentes nas unidades de I&D portuguesas, e partindo da perceção das próprias instituições analisadas, o estudo revela aspetos interessantes sobre a forma como as instituições em Portugual estão a lidar com o desafio que têm pela frente.
Focando-se exclusivamente nas atividades de comunicação de ciência, o estudo aponta fortemente para a falta de recursos humanos e pessoal profissionalizado na área de comunicação de ciência nessas mesmas unidades I&D. Por exemplo, a maioria das unidades (52%) não possui pessoal dedicado a tarefas de comunicação, embora refiram levar a cabo este tipo de atividades. Por seu lado, nas unidades que referem possuir pessoal dedicado a tarefas de comunicação de ciência (48%), a maioria deste pessoal encontra-se em regime de tempo parcial, sendo essas mesmas tarefas acumuladas com outras funções nas unidades (nomeadamente investigação). Além do mais, o vínculo laboral é, na esmagadora maioria dos casos, ténue, com as instituições a recorrerem a financiamento através de bolsas para suprir necessidades regulares de comunicação de ciência com a sociedade. No entanto, este mesmo estudo revela uma intenção institucional expressa de fazer mais e melhor na comunicação de ciência no futuro (cerca de 70% dizem querer aumentar o número de eventos realizados e canais de comunicação usados), intenções que poderão ou não resultar de pressões da política científica nacional e internacional.
A incongruência é evidente: como conseguirão as unidades de I&D comunicar mais e melhor no futuro com os níveis atuais de não profissionalização das suas estruturas de facilitação de investigação?
Na verdade, quem conhece a realidade das instituições científicas portuguesas não ficará espantado com estes resultados. Há indícios de que, de um modo geral, a facilitação da investigação e a comunicação com audiências não académicas são reconhecidas como atividades importantes, não parecendo ser contudo encaradas como fulcrais para as universidade ou centros de investigação. Por exemplo apesar de cerca de 67% das instituições de investigação dizerem ter planos de comunicação,  menos de 50% comunicam frequentemente com o público (47%). Além do mais, quantas destas unidades executarão esses planos e os avaliarão? E de que forma estarão esses planos alinhados com a estratégia científica da instituição? Ou ainda, quantas estruturas de facilitação serão avaliadas periodicamente de acordo com objetivos preestabelecidos? Seria interessante – e benéfico para o sistema científico português – que estas e outras questões começassem a constar na agenda das instituições e dos decisores políticos.
O que pode até estar já a acontecer. Com efeito, o panorama científico português pode em breve vir a trazer surpresas positivas no campo da ligação da ciência à sociedade. Com muitas unidades I&D a encetarem financiamentos estratégicos no âmbito da avaliação recente pela FCT, de acordo com planos preestabelecidos a cinco anos, é expectável surgirem instituições implementando planos robustos para as áreas da gestão, comunicação e transferência de tecnologia, com novas contratações de pessoal para a facilitação de ciência. A própria Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), agência nacional financiadora de ciência, deu um sinal de atenção a estas áreas ao anunciar em 2015 um concurso destinado a integrar pessoal nas áreas de comunicação e gestão de ciência nas unidades de I&D financiadas pela FCT.
No entanto, importa realçar que estes sinais não são suficientes. O desenvolvimento das vertentes de facilitação e comunicação só poderá acontecer na medida das necessidades das próprias instituições, e a par com o desenvolvimento das suas atividades de investigação. Mais determinante ainda, este desenvolvimento só acontecerá efetivamente se as unidades de investigação tiverem a visão necessária para criar estruturas de facilitação e comunicação eficientes, sustentáveis e capazes de criar valor para dentro e para fora dos muros das instituições. Isto implicará uma mudança na cultura institucional das universidades e centros de investigação, fazendo-as olhar para estas áreas como estratégicas e não apenas reagindo circunstancialmente, por exemplo, pelo surgimento de uma oportunidade temporária de financiamento destas estruturas.
Com o cenário de crise atual, é natural que se considere este desafio ainda mais difícil de ultrapassar. Mas esta mudança é necessária e são ainda demasiado ténues os indícios de que esteja já a acontecer. Por isso urge perguntar: como irão as instituições científicas ultrapassar os enormes desafios que enfrentam, e que mecanismos necessitam desde já ser acionados para facilitar esta mudança?

Margarida Trindade - Gestora de ciência na Business Research Unit, ISCTE-IUL
Marta Agostinho - Gestora de uma aliança internacional de institutos de investigação, EU-LIFE
Marta Entradas *- Investigadora em comunicação de ciência no DINAMIA’CET, ISCTE-IUL, atualmente Fulbright Visiting Scolar na Cornell University, Nova Iorque

 (*) Entradas, M. (2015). "Envolvimento Societal pelos Centros de Investigação em Portugal". In40 Anos de Politicas de Ciência e Ensino Superior, Editado por Maria de Lurdes Rodrigues e Manuel Heitor, 503-516; Almedina.

(reprodução de artigo PÚBLICO online, de 21/10/2015)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]